Gabriele Alves | 20 jan 2023
É muito comum que mulheres férteis que desejam ter filhos biológicos encontrem alguma dificuldade para engravidar. Diferentes fatores podem ter influência nesse processo. A boa notícia é que existem alguns cuidados em saúde que podem contribuir para o aumento da fertilidade. Neste artigo, você encontra algumas orientações e dicas práticas para preparar o organismo para a gravidez.
Para que a gravidez ocorra, é preciso que a relação sexual ocorra no período fértil da mulher e na ausência de métodos contraceptivos. Elementos adicionais que favorecem a fertilidade estão relacionados ao estado de saúde geral do casal.
Para a maior parte das mulheres, a idade fértil tem início com a primeira menstruação (menarca) e se encerra com o fim da menstruação (menopausa). Durante a idade fértil, o ciclo menstrual é utilizado para determinar o período fértil, ou seja, os dias do mês em que a mulher tem mais chance de engravidar.
Identificar o período fértil é essencial para a mulher que deseja engravidar. Para identificar o seu período fértil, a mulher pode solicitar a ajuda de um profissional médico, utilizar algum aplicativo ou site com esta funcionalidade, ou ainda fazer o cálculo com o apoio de um calendário ou “tabelinha”.
O ciclo menstrual padrão tem cerca de 28 dias e é dividido em fase folicular, ovulação e fase lútea/luteínica.
A ovulação pode ser acompanhada de forma alternativa ou complementar pela medição da temperatura corporal basal (TCB) da mulher durante o ciclo menstrual. Se a mulher fizer o monitoramento correto diariamente, deve observar um aumento de cerca de 0,3°C após a ovulação. Este aumento permanece por até 14 dias, conforme mostrado na FIGURA 2.
A temperatura basal só pode ser medida, com um termômetro adequado, de três formas: via oral, vaginal ou retal. A medição da TCB deve ser feita todos os dias, no mesmo local do corpo, com o mesmo termômetro, pela manhã, após pelo menos 3 a 4 horas de sono e antes de qualquer atividade física.
Antes de começar a tentar engravidar, é importante que o casal faça uma avaliação médica. Este check-up serve para identificar doenças ou outras condições clínicas que possam ter influência na fertilidade e também na continuidade de uma futura gestação.
A mulher deve ser avaliada em relação à saúde geral do sistema reprodutivo, para verificar se é necessário realizar, antes de engravidar, algum tratamento para doenças ou distúrbios hormonais, como endometriose, síndrome do ovário policístico ou miomas.
Algumas infecções também podem afetar a fertilidade ou a saúde geral da mãe e do futuro bebê e precisam ser avaliadas. A detecção dessas doenças é fundamental para que o casal seja tratado e a gestação seja saudável. A maior parte dos exames já pode ser realizada em farmácias e clínicas de saúde, por meio de testes remotos.
Alguns exames laboratoriais indicados são:
A alimentação também é aliada da mulher na preparação para a gestação. Uma dieta saudável contribui de forma significativa para a fertilidade de homens e mulheres. É importante beber muita água, consumir vegetais (se possível, orgânicos), além de fontes de ferro e ácido fólico.
Já a desnutrição, o consumo de alimentos ultraprocessados, o excesso de açúcar e de gorduras, interferem no metabolismo dos hormônios sexuais e podem afetar a fertilidade. O excesso de cafeína (mais de 200mg por dia) também deve ser evitado.
Atividades físicas realizadas sob orientação de um profissional ajudam na regulação do metabolismo, da gordura corporal e favorecem a circulação sanguínea. Estes fatores favorecem o equilíbrio hormonal e, portanto, a ovulação e a produção de espermatozoides. Alguns exercícios físicos recomendados são: yoga, pilates, hidroginástica e natação.
Dormir bem à noite ajuda a regular o apetite, fortalece a imunidade e favorece o equilíbrio emocional. Todos estes elementos contribuem para a fertilidade. É durante a noite, no escuro, que o corpo produz a melatonina, um hormônio que mantém a qualidade e promove a maturação das células sexuais. Além disso, após a concepção, a melatonina favorece o desenvolvimento embrionário.
Manter o peso adequado
Estar acima ou abaixo do peso ideal influencia na produção hormonal feminina e, por consequência, na ovulação. Esta falta de equilíbrio hormonal afeta a identificação do período fértil e também a própria fertilidade. Tanto a alimentação equilibrada, quanto a prática de exercícios físicos e o sono regular, já mencionados, favorecem o controle do peso, a adequação do índice de massa corporal e o controle da pressão arterial, que é particularmente importante para gestantes.
É importante que a mulher fumante abandone o vício antes de engravidar. Alguns dos principais tratamentos para deixar de fumar são contraindicados para gestantes. O cigarro, assim como outras drogas, pode desregular o ciclo menstrual da mulher, afetar a quantidade e a qualidade dos óvulos, além de aumentar as chances de aborto espontâneo e outros distúrbios.
Expor o feto à nicotina favorece ainda malformações congênitas e outras complicações. Mas o problema já começa antes da concepção, uma vez que as mulheres que fumam têm mais chance de serem inférteis.
Da mesma forma que o fumo e outras drogas, é altamente recomendado abandonar o hábito de consumir bebidas alcoólicas para facilitar a gravidez e garantir uma gestação saudável. Os mecanismos pelos quais o álcool diminui a fertilidade em homens e mulheres ainda não foram totalmente esclarecidos, mas os problemas são similares aos descritos no item anterior.
A poluição ambiental está presente na fumaça dos veículos de transporte, nos agrotóxicos utilizados em produtos alimentícios, em produtos de limpeza, higiene pessoal e cosméticos, entre outros. As substâncias poluentes, quando em excesso, acumulam-se no organismo e promovem uma desregulação hormonal, que pode afetar a fertilidade e o desenvolvimento embrionário.
Algumas dicas para se proteger dos poluentes que podem afetar a fertilidade são:
A recomendação para as mulheres é dar início à suplementação de ácido fólico, também chamado de folato ou vitamina B9, pelo menos dois meses antes de tentar engravidar. A suplementação deste nutriente antes e durante a gestação é considerada segura e não provoca efeitos colaterais.
O ácido fólico é encontrado em alimentos como verduras verdes-escuras, feijões e lentilhas. No entanto, mesmo quem já tem uma alimentação saudável deve procurar um profissional médico para orientar a suplementação.
Além de aumentar as chances de gravidez, o ácido fólico está associado a outros benefícios, como:
Algumas mulheres podem se beneficiar da suplementação de mais vitaminas, antioxidantes, minerais, ômega-3 ou outros nutrientes e ativos. Mas apenas um profissional de saúde especializado pode fornecer orientações referentes à suplementação direcionada à fertilidade.
O desequilíbrio da saúde mental, causado por estresse e ansiedade, pode prejudicar a fertilidade por interferir na regulação dos hormônios necessários para a ovulação. Além disso, o estresse prejudica a manutenção de hábitos saudáveis.
Existem algumas técnicas de relaxamento e tratamentos complementares que apresentam resultados positivos na redução do estresse e na função dos ovários. Algumas práticas comuns são: respiração profunda, meditação, atividades físicas, massagens e acupuntura.
Quando a mulher está tentando engravidar, o mais importante é manter um estilo de vida saudável. No entanto, alguns fatores específicos também interferem na fertilidade, como por exemplo, a idade da mulher.
Diferente dos homens, que produzem espermatozóides constantemente a partir da puberdade, as mulheres já nascem com todos os seus óvulos, que amadurecem e são liberados gradualmente ao longo da idade fértil.
Nas mulheres com idade até 35 anos, os óvulos estão presentes em maior qualidade e quantidade. Portanto, é recomendável que a mulher engravide nesse período. Após 35 anos, alguns distúrbios que podem afetar o sistema reprodutivo feminino ou o feto são mais frequentes.
No entanto, cada mulher é única em relação à sua fertilidade. Quando decide engravidar, independentemente da idade, a mulher deve passar por uma avaliação médica individual.
Diversos fatores relacionados ao estilo de vida do casal podem ter influência na fertilidade do homem e da mulher. Conforme mencionado anteriormente, sedentarismo, desnutrição, obesidade, poluentes ambientais, estresse, falta de sono, drogas lícitas ou ilícitas, e até mesmo alguns medicamentos específicos, devem ser evitados quando a mulher decide engravidar. É preciso consultar um médico para uma avaliação e orientações complementares.
Não existe comprovação científica de que alguma posição específica durante a relação sexual possa facilitar a gravidez. O que realmente importa é que o casal tenha boa saúde e que a relação ocorra no período fértil da mulher. Desta forma, a gravidez pode acontecer rápido e de forma natural.
É considerado normal que mulheres até 35 anos, que mantêm relações sexuais frequentes e desprotegidas, demorem até um ano para engravidar. Esse tolerância padrão diminuiu para seis meses para quem começa a tentar engravidar após os 35 anos. Em ambos os casos, passado o período considerado normal, a orientação é procurar orientação médica.
Em qualquer circunstância, no entanto, é preciso manter a tranquilidade, continuar cuidando da saúde e lembrar que o tempo para a confirmação de uma gravidez pode ser diferente para cada mulher.
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Quando existe a suspeita da gravidez é comum que a mulher procure por um teste para confirmar o diagnóstico de forma rápida. O exame de gravidez Hilab, disponível em farmácias e clínicas em todo o Brasil, apresenta sensibilidade e especificidade superiores a 99%. O exame é feito de forma remota, com apenas uma amostra de sangue da ponta do dedo da mão, e tem o resultado liberado por um profissional, com laudo, em até 15 minutos.
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Biomédica (CRBM-6 1921), mestre em Ciências - Bioquímica e especialista em Gestão da Qualidade em Saúde. Faz parte da assessora científica da Hilab. Acredita que o autoconhecimento é um grande aliado do diagnóstico clínico, nos cuidados em saúde.
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