Micheli Pecharki | 04 mar 2021
De acordo com o Ministério da Saúde, estamos vivendo uma epidemia de sífilis. Desde 2016 a sífilis tem sido considerada um grave problema de saúde pública no país. Segundo a Organização Mundial da Saúde, os números de casos da infecção são preocupantes e a infecção precisa
ser controlada.
Apesar de ser uma infecção perigosa, que pode levar à morte quando não tratada, muitas pessoas não sabem o que significa sífilis e por isso também desconhecem as formas de prevenção.
Acompanhe o artigo a seguir e saiba como reconhecer os sintomas de sífilis.
A sífilis é uma IST, ou seja, uma infecção sexualmente transmissível.
Isso significa que a infecção é transmitida principalmente através da relação sexual sem camisinha. Também pode ser transmitida da mãe para o bebê durante a gestação. É causada pela bactéria Treponema pallidum.
Como vimos, a sífilis pode ser transmitida através do contato sexual (sífilis adquirida) e também da mãe para o bebê através da placenta (sífilis congênita).
No caso da sífilis adquirida, os sintomas variam de acordo com a fase da infecção (estágio primário, secundário e terciário).
Nesse estágio, o primeiro sinal é uma ferida ulcerada, de base dura, que normalmente surge no local de infecção. A ferida é indolor, no entanto produz um líquido altamente infeccioso.
Em poucas semanas, a lesão desaparece. Nem sempre a lesão é visível pois, em homens, pode estar localizada na uretra. Durante esse estágio as bactérias entram na corrente sanguínea e se espalham por todo o corpo.
Uma vez que essa ferida desaparece em poucas semanas e é indolor, muitas vezes as pessoas não percebem que estão com a doença.
É caracterizado por pequenas feridas na pele (principalmente nas palmas das mãos) e nas mucosas. Qualquer superfície do corpo pode ser afetada por essas lesões que apresentam uma grande quantidade de bactérias e são altamente infecciosas. Outros sintomas incluem febre baixa e mal estar. Após algumas semanas, os sintomas cedem e a doença entra no período latente.
Após um período de 2 a 4 anos de latência a doença normalmente não é transmitida para outras pessoas, mas pode ser transmitida da mãe para o filho (transmissão vertical).
Esse estágio ocorre somente após muitos anos do início da fase latente. Cerca de 30% das infecções não tratadas levam a esse estágio.
Os sintomas incluem lesões denominadas gomas. Algumas dessas lesões podem causar extensos danos nos tecidos, o que leva à perfuração do céu da boca e prejudica a fala. Também podem causar desfiguração e incapacidade, podendo ser fatal. É comum que os sistemas nervoso e cardiovascular sejam prejudicados.
É a sífilis transmitida da mãe para o bebê. A sífilis congênita pode levar ao aborto. Além disso, os bebês podem nascer com problemas respiratórios, anemia severa, pseudoparalisia dos membros, entre outros. Os sintomas e sinais também podem surgir a partir dos dois anos de vida.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a sífilis afeta um milhão de gestantes por ano em todo o mundo, levando a mais de 300 mil mortes fetais e neonatais e colocando em risco de morte prematura mais de 200 mil crianças. Por isso todas as pessoas que querem ter filhos devem fazer o exame para detectar a sífilis.
Para o diagnóstico da infecção, podem ser utilizados os testes treponêmicos rápidos, como o exame de Sífilis da Hilab ou os testes treponêmicos convencionais e os não treponêmicos.
Se você nunca fez o exame procure a farmácia ou a unidade de saúde mais próxima o quanto antes. Fazer o teste é muito importante para interromper a transmissão da sífilis e prevenir as sequelas neurológicas do último estágio da infecção. Se você é gestante, ou está pensando em ter um bebê saiba que é extremamente importante fazer o teste.
Lembre-se que sua parceria sexual também deve fazer o teste. É essencial realizar o exame o quanto antes, preferencialmente nos primeiros meses de gestação. Assim, você evitará que seu bebê nasça com a doença. Caso o resultado dê reagente, o tratamento adequado é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O tratamento é simples e eficaz. É feito com a penicilina benzatina, que poderá ser aplicada na unidade básica de saúde.
Para prevenir a infecção é importante usar camisinha em todas as relações sexuais. Além disso, também é importante fazer os exames indicados, uma vez que a infecção passa despercebida na maioria das vezes.
A sífilis, além de ser infectocontagiosa, aumenta significativamente o risco de se contrair a infecção pelo vírus HIV.
Cuide da sua saúde. Use camisinha e não deixe de fazer os exames para descobrir se tem infecção. A sífilis tem cura e o tratamento é simples e gratuito pelo SUS.
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Brasil. Ministério da Saúde. Sífilis. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/sifilis-2>. Acesso em: 28 de setembro de 2018.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais. Manual Técnico para Diagnóstico da Sífilis / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. 52 p.
TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, CL. Microbiologia. 10. ed., Porto Alegre: Artmed, 2010.
Micheli é Bióloga. Acredita que transformar o conhecimento técnico em algo acessível é essencial para que as pessoas saibam como cuidar mais da própria saúde e vivam, assim, com mais qualidade de vida.
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