Micheli Pecharki | 15 nov 2021
A anamnese farmacêutica, conforme estabelece o Capítulo I da Resolução Nº 585 DE 29 de agosto de 2013 do Conselho Federal de Farmácia (CFF), é uma atribuição clínica do farmacêutico.
O CFF define a anamnese como sendo “o procedimento de coleta de dados sobre o paciente, realizada pelo farmacêutico por meio de entrevista, com a finalidade de conhecer sua história de saúde, elaborar o perfil farmacoterapêutico e identificar suas necessidades relacionadas à saúde”.
A resolução define, ainda, que o farmacêutico pode verificar sinais e sintomas, com o propósito de prover cuidado ao paciente.
Continue a leitura para entender a importância de utilizar a técnica de anamnese durante sua entrevista clínica e quais são as etapas para avaliar o estado de saúde do seu paciente.
A primeira etapa de todo atendimento clínico envolve o acolhimento do paciente. Esse acolhimento geralmente tem início quando o paciente procura o farmacêutico para resolver algum problema de saúde.
Acolher significa receber esse paciente desde o momento de sua chegada na farmácia. Significa ser responsável por essa pessoa, praticando a escuta ativa para facilitar o acesso ao serviço. Durante o acolhimento, o farmacêutico deve avaliar ou prever as necessidades do paciente, prestando um atendimento humanizado.
No entanto, na maior parte das vezes, o relato do paciente não é suficiente para identificar os seus problemas de saúde. É por este motivo que o farmacêutico deve fazer a anamnese e verificar os parâmetros clínicos.
A anamnese e a verificação de parâmetros têm por objetivo a identificação das necessidades de saúde do paciente durante a consulta farmacêutica para que as melhores condutas sejam determinadas.
A análise dos sinais e sintomas do paciente envolve a coleta de informações sobre o início, duração, frequência, localização precisa, características, gravidade, em qual momento do dia ou em que circunstâncias surgem ou desaparecem, além de fatores que agravam ou aliviam os sinais e sintomas.
São essas as informações que permitem ao farmacêutico fazer a triagem do paciente, distinguindo os problemas autolimitados dos não autolimitados. No caso dos problemas não autolimitados, ou seja, problemas que não são passíveis de prescrição pelo farmacêutico, ele deverá fazer um encaminhamento a outros profissionais de saúde.
Segundo o CFF, para que os objetivos da anamnese sejam atingidos, ela deve apresentar os seguintes elementos:
A sequência de perguntas que o farmacêutico irá fazer para o paciente depende de fatores como o próprio relato espontâneo, além da condição do paciente e da comunicação interpessoal. Veja, a seguir, as etapas envolvidas na anamnese farmacêutica.
A identificação é a primeira etapa da anamnese e, como o próprio nome sugere, identifica o paciente, ou seja, envolve as perguntas relacionadas a idade, sexo, endereço, profissão, etc.
A queixa principal ou demanda diz respeito ao relato que o paciente faz sobre sua saúde, problemas médicos e tratamentos em curso. Para tanto, é necessário perguntar: “Como posso te ajudar?” ou fazer qualquer pergunta semelhante para extrair do paciente o motivo principal pelo qual ele está buscando atendimento.
A história da doença atual (HDA) é a parte mais importante da anamnese e tem por objetivo descrever a doença do paciente. Deve ser um relato claro e em ordem cronológica de todos os problemas que levaram esse paciente a procurar auxílio com o farmacêutico.
Nesta etapa, é necessário perguntar ao paciente sobre as doenças que ele já teve no passado e se ele apresenta alguma atualmente, tais como hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia. Não se esqueça de perguntar sobre doenças comuns na infância e imunizações. Eventos e reações adversas, além de substâncias de uso contínuo também devem ser investigados.
O objetivo da história pregressa é focar em doenças ou medicamentos que podem causar o sintoma atual.
Aqui, você deverá perguntar a respeito de doenças que os integrantes da família têm ou tiveram, como hipertensão arterial, diabetes ou câncer. Busque por qualquer dado que possa ajudar o paciente, e não apenas doenças. Avalie todas as situações clínicas que tenham histórico na família.
Na história pessoal e social o farmacêutico avalia quais hábitos podem ser a causa do sintoma que o paciente apresenta: uso de drogas lícitas e ilícitas, padrões alimentares, atividade física e viagens nos últimos meses devem ser investigados.
Por fim, na revisão por aparelhos (RA) e sistemas (RS), o farmacêutico faz a avaliação de outros órgãos que podem estar afetados e que sinalizam casos de maior gravidade e complexidade. É necessário avaliar o paciente como um todo.
Em uma consulta farmacêutica para um paciente com queixa de tosse, por exemplo, o profissional de saúde deverá avaliar se há a presença de outros sintomas além da queixa principal como: corrimento nasal e dor de garganta; febre, calafrios e dor pleurítica (pneumonia); suores noturnos e perda de peso (tumor, TB); azia (refluxo gastroesofágico); e dificuldade em engolir ou episódios de asfixia ao comer ou beber (aspiração).
Desta forma, nessa etapa, podem surgir outras possibilidades diagnósticas além daquelas provenientes da HDA.
Após a anamnese e finalizada a consulta farmacêutica, você deverá entregar ao paciente a Declaração de Serviço Farmacêutico, que registra e materializa o atendimento. Essa declaração deve ser elaborada em papel, com identificação do estabelecimento, contendo nome, endereço, telefone e CNPJ, assim como a identificação do usuário ou de seu responsável legal. Além disso, a declaração também deve apresentar outras informações, que variam de acordo com o serviço farmacêutico prestado.
Por fim, agende o retorno para avaliar as condutas do seu paciente. A cada consulta, abra um novo prontuário, e deixe todos os dados do paciente registrados.
O atendimento clínico é uma excelente oportunidade para que o seu cliente veja a farmácia não somente como um local onde ele pode comprar medicamentos, mas sim um estabelecimento de saúde, conforme estabelecido por lei.
O farmacêutico, no âmbito de suas atribuições, é um profissional que pode ir além da dispensação de medicamentos, ao oferecer ao paciente seus serviços clínicos e assim contribuir para a resolução de inúmeros problemas de saúde. Ao fazer a anamnese, é possível indicar ao paciente outros serviços farmacêuticos, tais como os Testes Laboratoriais Remotos.
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Conselho Federal de Farmácia. Curso online: prescrição farmacêutica no manejo de problemas de saúde autolimitados: módulo 2: unidade 1: semiologia farmacêutica e raciocínio clínico / Thais Teles de de Souza … [et al.]. – Brasília: Conselho Federal de Farmácia, 2015. 30 p. : il. – (ProFar cuidado farmacêutico: Programa de Suporte ao Cuidado Farmacêutico na atenção à Saúde).
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Micheli é Bióloga. Acredita que transformar o conhecimento técnico em algo acessível é essencial para que as pessoas saibam como cuidar mais da própria saúde e vivam, assim, com mais qualidade de vida.
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