Micheli Pecharki | 01 fev 2022
A Anvisa aprovou, no dia 28/01, a resolução que estabelece os requisitos para registro, distribuição, comercialização e utilização de autoteste de COVID-19. Isso significa que, a partir de agora, farmácias e outros estabelecimentos de todo o Brasil podem vender autotestes diretamente ao consumidor.
A medida, que tem como intuito a expansão da testagem, principalmente devido ao aumento do número de casos pela variante Ômicron, é válida apenas para os exames de detecção do antígeno do SARS-CoV-2.
Neste artigo vamos explicar o que é o autoteste de COVID-19, onde comprar, como fazer o exame, como ler o resultado e o que fazer em caso de resultado reagente (positivo).
O autoteste, como o próprio nome revela, é um exame que pode ser feito pela própria pessoa, que faz a coleta bem como a leitura do resultado.
O procedimento pode ser feito por pessoas leigas, sem a necessidade de um treinamento específico para utilizar o produto.
Geralmente, os kits são compostos por um tubo com uma solução reagente, uma tira reagente e um swab nasal – aquele “cotonete” utilizado para a coleta.
O tipo de teste que será disponibilizado para o consumidor é o de antígeno, que ocorre por meio de uma metodologia conhecida como imunocromatografia.
Trata-se de uma metodologia de teste rápido, muito usada na identificação de doenças infecciosas, hormônios e outros analitos, por associação específica a anticorpos com partículas coloridas conjugadas. Ou seja, uma reação química que será demonstrada pela coloração de linhas em uma tira reagente (mais à frente explicaremos como interpretar os resultados).
No caso do autoteste para COVID-19, é avaliada a presença de antígenos específicos do SARS-CoV-2 na amostra. Esses antígenos são capazes de gerar uma resposta imune do nosso organismo. A presença deles na amostra sugere infecção pelo SARS-CoV-2.
A imunocromatografia também está presente em testes como o de influenza A e B, dengue, HIV, sífilis e até gravidez.
Segundo a Anvisa, se você apresenta sintomas, o autoteste pode ser utilizado no período entre o 1º ao 7º dia do início dos sintomas. Os mais comuns são:
Caso você seja assintomático, ou seja, não apresente sintomas, o autoteste pode ser utilizado a partir do 5º dia do contato com indivíduo com infecção por SARS-CoV-2.
Se você apresenta sintomas graves como falta de ar, baixos níveis de saturação de oxigênio (abaixo de 95%), cianose (cor azulada nas unhas, pele, lábios), letargia (sono profundo), confusão mental, sinais de desidratação, não faça o autoteste. Procure um serviço de saúde o mais rápido possível.
Segundo a resolução da Anvisa, os autotestes para COVID-19 podem ser comercializados por farmácias e estabelecimentos de saúde licenciados para comercializar dispositivos médicos para diagnóstico in vitro para uso leigo. Estas mesmas empresas também estarão aptas a vender o produto pela internet. Sites de e-commerce não poderão comercializar o autoteste.
Nos Estados Unidos, o CDC (Centro de Controle de Doenças) autoriza também autoriza a venda de autotestes em estabelecimentos de saúde como farmácias.
Assim como o exame de RT-PCR (aquele exame que detecta o material genético do vírus) o exame de antígeno também pode ser feito com um swab, que nada mais é do que um cotonete mais longo. No caso de Covid-19, a Anvisa também permite as autocoletas de amostras de saliva. A mais comum é a nasal. Contudo, é muito importante avaliar com cuidado a bula, a fim de evitar a invalidação do teste, bem como o falso positivo ou falso negativo.
Depois disso é preciso colocar a amostra no tubo com solução reagente, misturar e pingar o líquido na tira reagente, no local indicado pelo fabricante.
Por fim, é necessário aguardar cerca de 15 minutos para fazer a leitura do resultado. Na maioria dos testes, existe uma janela para avaliar o autoexame, que ocorre entre 15 e 20 minutos após a aplicação da solução na tira.
Destacamos mais uma vez, que esse procedimento é o mais comum em autotestes para o coronavírus, porém isso não descarta uma leitura atenta das instruções contidas na embalagem do kit.
Em geral, no autoteste de antígeno para COVID-19, o resultado pode ser reagente (positivo) ou não reagente (negativo). É importante ler com cuidado a bula do fabricante para a correta interpretação.
O resultado indica que não foi detectada a presença de antígenos (proteínas) do vírus SARS-CoV-2 na amostra analisada. Sugere ausência de infecção por coronavírus. No entanto, o resultado deve ser interpretado por um médico, que deverá considerar alguns fatores como manifestações clínicas, tempo de início dos sintomas e outros exames confirmatórios.
Na tira, é possível observar somente a linha controle (C) que indica que o exame funcionou.
Importante destacar que um resultado não reagente não descarta possibilidade de infecção pelo vírus que causa a COVID-19. Se você está com sintomas, fique em isolamento e procure atendimento médico.
Indica a presença de antígenos do vírus SARS-CoV-2 na amostra analisada. Sugere infecção pelo coronavírus. As linhas controle (C) e teste (T) aparecem coloridas.
O resultado deve ser interpretado por um médico que deverá considerar alguns fatores como manifestações clínicas, tempo de início dos sintomas e outros exames confirmatórios.
Ocorre quando a linha denominada controle não aparece na tira do exame. A tira fica limpa, sem nenhuma marcação. Neste caso, é necessário repetir o teste.
Não. Um resultado negativo não descarta a possibilidade de infecção pelo SARS-CoV-2. Esta informação estará presente nas bulas de todos os exames comercializados pelos fabricantes.
O autoteste de COVID-19 não define o diagnóstico uma vez que é um teste de triagem, ou seja, apenas oferece um resultado orientativo. O diagnóstico da COVID-19 é definido por um médico.
Sim. Por isso é muito importante seguir as recomendações da bula. Assim, as chances de falsos positivos (quando o exame é positivo mas não há doença) ou falsos negativos (quando há doença mas o resultado é negativo) diminuem. Existem vários motivos que podem causar resultados errôneos, incluindo o próprio teste uma vez que qualquer exame apresenta uma taxa de falsos positivos ou falsos negativos.
Os principais motivos que levam a erros, no caso dos autotestes, incluem:
O autoteste não gera um laudo, comprovante obrigatório em viagens internacionais. Portando, se o seu resultado for positivo, procure um profissional de saúde para esse fim, bem como para maiores orientações.
As informações sobre o descarte correto podem ser encontradas na bula do fabricante.
Caso o resultado do exame seja reagente (positivo) é essencial buscar orientações de um profissional de saúde. Além disso, é importante seguir medidas preventivas para evitar a transmissão da COVID-19 para outras pessoas, como o isolamento social. A Sociedade Brasileira de Infectologia recomenda, no mínimo, 7 dias a partir do início dos sintomas.
Para os casos assintomáticos é indicado o mesmo período. Entretanto, as orientações para o isolamento podem variar de município para município.
Algumas orientações importantes são:
Os cuidados com a saúde incluem:
Procure atendimento imediatamente na presença de sintomas mais intensos como:
Basicamente, existem três motivos pelos quais os autotestes são no controle de infecções e na diminuição da transmissibilidade da COVID-19, são eles:
Se você não se sente confortável para fazer o autoteste, o mercado oferece outras alternativas, como os exames laboratoriais remotos. Esse tipo de teste é feito por um profissional de saúde qualificado e o resultado também fica disponível em poucos minutos.
Além disso, os exames laboratoriais apresentam um laudo que pode ser usado como comprovante, item obrigatório em diversas situações. Aqui na Hilab, oferecemos exames laboratoriais de antígeno para COVID-19, PCR-LAMP e sorologia IgM e IgG. Procure um de nossos pontos de atendimento ou encontre nosso parceiro mais próximo para fazer o seu teste.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Anvisa regulamenta a utilização de autotestes para Covid-19. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/anvisa-regulamenta-a-utilizacao-de-autotestes-para-covid-19>. Acesso em: 31 de janeiro de 2022.
Mina MJ, Parker R, Larremore DB. Rethinking Covid-19 Test Sensitivity — A Strategy for Containment. N Engl J Med. September 2020:NEJMp2025631. doi:10.1056/NEJMp2025631.
Organização Pan-Americana da Saúde. Organização Mundial da Saúde. Resumo Científico 9 de julho de 2020. Transmissão do SARS-CoV-2: implicações para as precauções de prevenção de infecção. Disponível em: <https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52472/OPASWBRACOVID-1920089_por.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 07 de janeiro de 2020.
Micheli é Bióloga. Acredita que transformar o conhecimento técnico em algo acessível é essencial para que as pessoas saibam como cuidar mais da própria saúde e vivam, assim, com mais qualidade de vida.
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