O exame de ferritina e o diagnóstico de anemia ferropriva

Hilab | 22 out 2021

Coleta de sangue para exame de ferritina

O exame de ferritina é uma das avaliações mais importantes no monitoramento da saúde dos pacientes. A razão é simples: esse teste laboratorial pode indicar alterações importantes no organismo, como a anemia ferropriva (por deficiência de ferro). Neste caso, é comum o paciente apresentar níveis baixos de ferritina.

Entretanto, esse marcador também pode ser um indicativo de outras disfunções, tanto em dosagens baixas, quanto nas mais altas. Por isso, é importante interpretar os resultados com cuidado, uma vez que os níveis de ferritina sofrem interferências de outras condições clínicas, que comprometem o diagnóstico de anemia ferropriva.

Acompanhe este artigo e entenda como usar a dosagem de ferritina na investigação desse problema.

O que é ferritina?

A ferritina é uma proteína que tem como principal função armazenar o ferro que consumimos. O mineral é indispensável para o funcionamento do organismo, pois compõe a hemoglobina e a mioglobina, responsáveis por transportar o oxigênio pelo corpo.

Cerca de 70% do ferro absorvido pelo corpo humano está justamente na hemoglobina das hemácias. Dos 30% restantes, a maior parte se incorpora à ferritina ou a hemossiderina, um composto do mineral com proteínas e outras substâncias.

Anomalias (falta ou excesso) na quantidade desta substância podem indicar problemas nutricionais, inflamações, infecções, hipertireoidismo ou hipotiroidismo, neoplasias malignas e hepatopatias.

Causas da ferritina baixa 

Uma concentração muito baixa de ferritina pode ser um indício da já mencionada anemia ferropriva, mas não é só isso. 

Quadros de hipotireoidismo, sangramentos gastrointestinais ou até mesmo menstruações muito intensas podem causar quedas no índice de ferritina. Exames específicos se fazem necessários para averiguação.

Causas da ferritina alta

Por outro lado, valores altos da proteína podem indicar outros tipos de distúrbios. O excesso de ferro no organismo pode ser causa de inflamação ou infecção aguda, de doença hepática alcoólica, hemocromatose, leucemia e até mesmo da COVID-19. 

Assim como nas dosagens baixas de ferritina, exames mais detalhados são indicados para identificar o problema e o tratamento mais adequado.

O exame de ferritina em casos suspeitos de anemia

Para saber como estão os níveis de ferro e ferritina de um paciente, o médico pode solicitar um exame de dosagem de ferritina caso um exame de rotina – como um hemograma, por exemplo – apresente alguma anomalia. 

Isso pode acontecer caso o resultado hematócrito de um exame de sangue aponte índices muito baixos ou muito elevados de hemoglobina. Um baixo índice dessa substância, ou mesmo uma alteração em sua cor tradicional – que é o vermelho – podem ser pistas para um quadro de anemia, como também para algum sangramento hemorrágico ou desnutrição.

É importante ressaltar que a absorção de ferro pelo organismo é bastante limitada: um adulto que consuma 15mg de ferro em sua dieta ao longo do dia vai absorver apenas 1mg – o que é normal. Não precisamos de tanto ferro em nosso corpo, até porque boa parte de nossas reservas é constantemente “reciclada” e reaproveitada pelos macrófagos.

Também não se deve esquecer que níveis de ferro e ferritina não necessariamente estão alinhados. Uma pequena quantidade de ferritina no sangue serve como uma amostra, que reflete a quantidade total de ferro no organismo. Porém, a deficiência de ferro que leva à anemia ferropriva é uma condição que acontece de maneira gradual. Isso pode gerar resultados de exames aparentemente normais, mas que demandam uma análise detalhada, visto que não é apenas a concentração de ferro que deve ser levada em conta.

Valores de referência da ferritina em casos de anemia ferropriva

Caso a determinação de ferritina mostre-se necessária, é sempre bom saber quais são os níveis adequados desta proteína em nosso organismo. A concentração adequada de ferritina sérica deve ser de 30 a 300 ng/mL (67,4 a 674.1 pmol/L) em adultos. 

Para homens adultos, a média é de 88 ng/mL (197,7 pmol/L). Já para as mulheres adultas, a média fica em 49 ng/mL (110,1 pmol/L).

Tendo isso em mente, qualquer valor muito abaixo dos referenciais (< 12 ng/mL [27 pmol/L]) indicam deficiência de ferro. Entretanto, como a ferritina é um reagente de fase aguda, sua dosagem pode ser alta quando em pacientes com baixos níveis de ferro. 

Quadros de infecção, inflamação ou câncer podem apresentar níveis normais ou até mesmo aumentados de ferritina. Nesses casos, níveis da proteína abaixo de 100 ng/mL podem ser um indicativo de anemia ferropênica.

Nesses casos, uma ferritina sérica de até 100 ng/mL ainda é compatível com a deficiência de ferro.

Por fim, no caso das crianças menores de 5 anos, valores inferiores a 12 ng/L, indicam falta de ferro. Para aquelas entre 5 e 12 anos, a referência deve ser maior que 15 ng/L.

Referências

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. Diagnóstico laboratorial da deficiência de ferro. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbhh/a/LcXsgjK5XPGyWmVGM9KKY6f/?lang=pt>. Acesso em 22 de outubro de 2021.

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. Anemia ferropênica no adulto: causas, diagnóstico e tratamento. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbhh/a/DGrknHs7sMCwNRKMTCM9YkF/?lang=pt#>. Acesso em 22 de outubro de 2021.

Manual MDS. Anemia por deficiência de ferro. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/hematologia-e-oncologia/anemias-causadas-por-eritropoese-deficiente/anemia-por-defici%C3%AAncia-de-ferro>. Acesso em 22 de outubro de 2021.

Sociedade Brasileira de Pediatria. Consenso Sobre Anemia Ferropriva: mais que uma doença, uma urgência médica! Disponível em: <https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/21019f-Diretrizes_Consenso_sobre_anemia_ferropriva-ok.pdf>. Acesso em 22 de outubro de 2021.

Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. Ferritina. Disponível em: <https://labtestsonline.org.br/tests/ferritina>. Acesso em 22 de outubro de 2021.

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