Micheli Pecharki | 26 fev 2021
No dia 1º de dezembro, o mundo completará 30 anos da criação do Dia Mundial contra a AIDS. Com o intuito de reforçar o debate sobre a detecção do HIV, o UNAIDS adotou para esse dia o tema “Conheça seu estado sorológico para o HIV”.
O HIV é uma infecção muito estigmatizada, por isso muitas pessoas têm receio de fazer o exame. Entretanto, ele é fundamental para que a infecção seja descoberta o quanto antes e o tratamento possa ser iniciado. Até mesmo porque, ter HIV não é o mesmo que ter AIDS, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida e o tratamento evita que a pessoa desenvolva essa síndrome.
Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, 982.129 casos de AIDS foram detectados no Brasil, de 1980 a junho de 2018, sendo 24% jovens de 15 a 24 anos.
Quer saber mais sobre a diferença entre HIV e AIDS? Acompanhe o artigo a seguir.
O HIV é uma IST, ou seja, uma Infecção Sexualmente Transmissível. Sendo assim, a principal forma de contágio é a via sexual. Essas infecções são causadas por micro-organismos como fungos, bactérias e vírus. No caso do HIV, a infecção é causada por um vírus denominado vírus da imunodeficiência humana.
Existem 2 tipos de vírus causadores da infecção, o HIV-1 e o HIV-2. Grande parte dos casos da epidemia global de Aids é causada pelo HIV-1. A infecção pelo HIV-2 é endêmica em países da África Ocidental como Costa do Marfim e Senegal. A transmissão do HIV-2 é atualmente baixa em outros países do Ocidente.
Embora não exista uma cura para essa infecção, o tratamento, chamado de terapia antirretroviral (TARV), é fundamental para a melhoria da qualidade de vidas das pessoas que vivem com o vírus. Além disso, ele contribui para diminuir as chances de transmissão do HIV e pode evitar que a pessoa desenvolva a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS – do inglês).
Uma pessoa, após ter sido infectada pelo vírus HIV, pode permanecer muitos anos sem desenvolver nenhum sintoma. Nesse caso, dizemos que a pessoa está vivendo com HIV.
A AIDS é o estágio mais avançado da infecção pelo HIV e surge quando a pessoa apresenta infecções oportunistas (que se aproveitam da fraqueza do organismo, como tuberculose e pneumonia) devido à baixa imunidade ocasionada pelo vírus.
No vídeo a seguir, o Dr. Bernardo Almeida, médico infectologista, explica as diferenças:
Clinicamente, a infecção pelo HIV é dividida em três fases: aguda, assintomática e de latência clínica e AIDS.
A fase aguda corresponde às primeiras semanas de infecção. Nessa fase, a pessoa pode não apresentar sintomas ou ter poucos sintomas como febre, dor de garganta, dor de cabeça, dor ocular, dentre outros. Como esse sintomas são semelhantes aos de uma gripe, muitas vezes passam despercebidos. Passado esse período, inicia-se a próxima fase, denominada fase assintomática ou de latência clínica.
Nessa fase, embora o HIV esteja se replicando no organismo, geralmente não há o desenvolvimento de manifestações clínicas. Nesse período de latência, o risco de propagação da infecção aumenta quando a pessoa que vive com HIV desconhece a infecção.
Nessa fase, a pessoa fica doente devido ao comprometimento do sistema imunológico e a pessoa fica mais propensa a desenvolver infecções oportunistas. Desta forma, os sintomas variam de acordo com o agente causador da dessa infecção, mas geralmente incluem perda de peso, cansaço incomum, sudorese noturna, falta de apetite, diarreia, ressecamento da pele, queda de cabelo, entre outros.
Para saber mais sobre os sintomas do HIV e da AIDS, confira o vídeo a seguir:
Sim. Como vimos, no início da infecção a pessoa pode apresentar: febre (geralmente 38,3ºC ou mais); fadiga; inchaço dos gânglios linfáticos; dor de cabeça; dor de garganta; perda de peso; dores musculares; náuseas; suores noturnos; diarréia; rash (erupções cutâneas avermelhadas). Ou seja, os mesmos sintomas que podem ocorrer em um quadro de gripe, mononucleose e infecções na garganta, por exemplo.
Na fase mais avançada (AIDS) é comum o aparecimento de doenças como tuberculose e meningite.
O diagnóstico do HIV é feito por meio de testes. Existem diferentes tipos de testes de HIV disponíveis, como o auto-teste, os exames laboratoriais e os testes laboratoriais remotos. Escolha o exame que te deixa mais à vontade e não deixe de realizá-lo!
Caso você tenha feito algum desses testes e o resultado tenha sido reagente (positivo), procure o posto de saúde mais próximo e realize um novo teste para confirmar o seu diagnóstico. Caso você tenha feito o teste e o resultado tenha sido (não reagente) negativo, faça novamente o teste após um período (que varia de exame para exame) caso alguma exposição de risco tenha ocorrido alguns dias antes do exame. Não deixe de considerar a janela imunológica.
O período entre a aquisição do vírus e a capacidade de um teste em detectar o HIV é chamado de janela imunológica. Desta forma, caso tenha ocorrido alguma exposição de risco (sexo sem proteção, por exemplo) durante a janela imunológica, é necessário realizar o teste novamente após esse período bem como continuar com as medidas de prevenção para evitar o contágio com o HIV. A maioria dos testes, como o teste de HIV Hilab detecta o vírus 30 dias após o contágio.
Para exemplificar, imagine você procurou a farmácia ou um serviço de saúde para realizar um exame de HIV e considere a janela imunológica de 30 dias. Caso você tenha feito sexo sem proteção uma semana antes da realização do teste, o resultado do teste será negativo, por mais tenha se infectado com o vírus. Nesse caso, você deverá realizar um novo exame passado o período de janela imunológica.
*Gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas trans, profissionais do sexo, usuários de drogas e população privada de liberdade.
A melhor forma de se prevenir é utilizando corretamente a camisinha feminina ou masculina em todas as relações. Gestantes que vivem com HIV precisam tomar certos cuidados para não transmitirem o vírus para os filhos.
O tratamento das pessoas que vivem com HIV também é essencial, pois evita que o vírus seja transmitido para outras pessoas. Por isso, faça seu teste.
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. – Brasília : Ministério da Saúde, 2018. 412 p.
Blog da Saúde. Ministério da Saúde. Saiba por que o preservativo é uma excelente estratégia contra o HIV/aids e as IST. Disponível em: <http://www.blog.saude.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=51455&catid=566&Itemid=50155>. Acesso em: 26 de junho de 2019.
Ministério da Saúde. AIDS. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/aids>. Acesso em: 02 de julho de 2018.
Micheli é Bióloga. Acredita que transformar o conhecimento técnico em algo acessível é essencial para que as pessoas saibam como cuidar mais da própria saúde e vivam, assim, com mais qualidade de vida.
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