Hilab | 30 mar 2022
Em março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a COVID-19 como uma pandemia, muita gente se perguntou: Mas o que isso quer dizer? E qual é a diferença entre endemia, epidemia, pandemia e surto?
A resposta, basicamente, tem relação com a escala e a frequência com a qual uma doença está contaminando as pessoas. É por isso que muitos países estão decidindo tratar o coronavírus como uma endemia.
Mas o que isso significa? A COVID-19 está chegando ao fim? Acalme-se, pois neste artigo explicamos tudo! Entenda as diferenças entre endemia, epidemia e pandemia com exemplos que deixam tudo mais fácil. Veja também as implicações da mudança de pandemia para endemia no combate ao SARS-C0V-2. Boa leitura!
Existem diferentes nomes técnicos para classificar o status epidemiológico de uma doença, são eles:
O uso desses termos tem relação direta com o alcance e a regularidade de uma enfermidade na população. Entenda melhor a seguir:
Uma epidemia é quando ocorre um aumento no número de casos de uma doença em várias regiões, mas sem uma escala global. Ou seja, o problema se espalha acima do esperado, sem uma delimitação geográfica específica.
Neste caso, a doença se faz presente em diversos locais ou comunidades, para além daquele em que foram inicialmente identificados. As epidemias podem ser em nível municipal, estadual e nacional.
Para classificar uma doença como epidemia, deve-se avaliar o número de casos em relação à população. Qual o tamanho dessa população? O quão suscetível à doença ela é? Analisam-se também critérios técnicos relacionados à região em que os casos ocorrem, bem como o período em que se iniciaram.
Vale destacar que doenças sazonais não são consideradas epidemias, apesar de registrarem aumentos de casos todos ano em uma determinada época ou estação.
Exemplo: Em dezembro de 2021 ocorreu um aumento repentino e generalizado dos casos de gripe no Brasil. Na época, as autoridades de saúde do estado do Rio de Janeiro trataram a situação como uma epidemia no estado fluminense.
Uma pandemia é a disseminação mundial de uma doença. Ela pode surgir quando um agente infeccioso se espalha ao redor do mundo e a maior parte das pessoas não são imunes a ele.
Em uma escala de gravidade, a pandemia é o pior dos cenários porque ela se estende a várias regiões do planeta. Mas isso não necessariamente significa que a situação é irreversível ou que o agente da doença tenha aumentado o seu poder de ameaça.
O que muda são as medidas adotadas pelas autoridades no combate ao problema. O protocolo de ação deve ser respeitado não só pelos países afetados, mas também pelos que ainda não registraram casos da doença. É necessária uma abordagem integrada, com governos e sociedade trabalhando juntos na contenção do agente infeccioso.
Exemplo: Em junho de 2009, a OMS declarou a pandemia de Gripe Suína (H1N1). À época eram registrados casos da doença no mundo inteiro.
A endemia se dá quando uma doença tem recorrência em uma região, mas sem aumentos significativos no número de casos. Ou seja, o problema se manifesta com frequência e segue um padrão relativamente estável que prevalece. Se houver alta incidência e persistência da doença, pode ainda ser chamada de hiperendêmica.
Algumas doenças endêmicas são consideradas sérios problemas de saúde do mundo e preocupam governantes, em especial os que lideram países tropicais de baixa renda. É o caso da Aids e malária, que matam milhões de pessoas todos os anos.
Outra questão importante sobre as doenças endêmicas é que elas podem se tornar epidêmicas se não controladas. Isto depende de vários fatores que vão desde mudanças no agente ou hospedeiro até transformações no ambiente.
O contrário também pode acontecer, como é o caso do novo coronavírus. Hoje já existe a discussão e alguns países já estão tomando a decisão de considerar a doença endêmica.
Exemplo: A região norte do Brasil é considerada uma região de risco de malária. Por lá essa é uma doença endêmica.
Um surto é o aumento repentino e inesperado de casos de uma doença em uma determinada região, comunidade ou estação do ano. O número de casos pode variar de acordo com o agente que causa a doença. Também é avaliado o tamanho e tipo de exposição anterior, quando se trata de uma doença conhecida.
Geralmente os surtos são causados por infecções transmitidas por pessoas, animais ou ambientes, produtos químicos e até materiais radioativos. Existem, ainda, os surtos de causas desconhecidas, como as populares “viroses”, por exemplo.
Exemplo: Surtos do vírus Ebola são uma preocupação constante em regiões tropicais da África subsariana, desde 1976.
Mudar a classificação da COVID-19 de pandemia para endemia, significa que a doença será tratada como permanente. Na prática, ações como obrigatoriedade do uso de máscaras e das medidas de restrições para evitar aglomerações só voltariam em casos de surtos. Ou seja, em casos de aumentos repentinos na incidência do vírus, como ocorreu com a variante ômicron.
Oficialmente, a alteração do status fará com que a COVID-19 não seja mais tratada como uma Emergência em Saúde Pública de importância Nacional (ESPIN). Assim, normas relacionadas à vigência da ESPIN poderiam ser tornar inválidas. Isso afetaria autorizações de emergência a vacinas e remédios contra a doença, por exemplo.
As vacinas CoronaVac e Janssen, por exemplo, poderiam ser suspensas. A resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que autoriza o uso emergencial de ambas, suspende o uso de ambas, caso o Ministério da Saúde retire o status de emergência.
Outro ponto incerto com esta mudança é como ficaria a vigilância epidemiológica e a testagem em massa.
No dia 11 de março de 2020, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, fez um pronunciamento informando que a COVID-19 foi caracterizada como uma pandemia.
A doença foi assim classificada porque, na época, já existiam mais de 118 mil casos espalhados por 114 países – ou seja, houve rápida disseminação geográfica do vírus em curta escala de tempo.
Outro motivo que também contribuiu para que a COVID-19 fosse categorizada como pandemia pela OMS foi a falta de ação de com relação à doença. Em muitos países ainda não haviam sido adotadas as medidas necessárias, mesmo com a transmissão em ritmo intenso e aumento repentino de infectados.
Com o status de pandemia, o protocolo mudou, as ações se tornaram mais rigorosas e todos passaram a olhar para as medidas necessárias no combate à doença.
Existem três meios de se conter uma pandemia. Cada um deles representa um conjunto de ações mais ou menos rígidas e a escolha da forma certa vai depender do estágio em que a pandemia está. São elas:
Em setembro de 2015, foram acordados nas Nações Unidas os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – aliança de países de todo o mundo que visa acelerar o progresso no combate às doenças infecciosas até 2030.
O evento trouxe resultados positivos alcançados de 2000 e 2015 devido às ações adotadas no início do século XXI:
Esses resultados foram possíveis por meio de ações de intervenção em cinco pilares da saúde pública mundial:
As ações recomendadas para que as metas de redução sejam alcançadas estão todas no relatório de doenças tropicais negligenciadas. Elas defendem que a integração de atividades e intervenções no sistema de saúde mais amplos podem acelerar bastante o progresso em direção ao combate a essas doenças e também no aperfeiçoamento da cobertura de saúde pública universal.
Esse texto esclareceu qual a diferença entre pandemia, epidemia, endemia e surto, explicou porque a COVID-19 foi classificada como uma pandemia e trouxe informações sobre a agenda global da OMS no combate às principais epidemias e doenças endêmicas do mundo.
E aí, ficou tudo mais claro? Se tiver dúvidas, deixe nos comentários que a respondemos pra você.
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Bem, deu pra ver que independentemente da classificação de uma doença, o importante mesmo é se cuidar para que a situação não piore ainda mais. E, no caso do coronavírus, medidas simples como o uso de máscaras ainda são muitíssimo bem-vindas e recomendadas.
Se estiver com suspeita de COVID-19 recomendamos, também, a testagem imediata. Saiba onde nos encontrar e faz um Hilab!
Telessaúde São Paulo. Qual é a diferença entre surto, epidemia, pandemia e endemia ?. Disponível em: <https://www.telessaude.unifesp.br/index.php/dno/redes-sociais/159-qual-e-a-diferenca-entre-surto-epidemia-pandemia-e-endemia> Acesso em: 24/03/2022.
Organização Mundial da Saúde. Epidemiologia Básica. Disponível em: <https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43541/9788572888394_por.pdf?sequence=5&isAllowed=y> Acesso em: 24/03/2022.
Organização Mundial da Saúde. Doenças infecciosas endêmicas: os próximos 15 anos. Disponível em: <http://origin.who.int/mediacentre/commentaries/2016/Endemic-infectious-diseases-next-15-years/en/> Acesso em: 24/03/2022.
Organização Mundial da Saúde. Quarto relatório de doenças tropicais negligenciadas. Disponível em: <https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/255011/9789241565448-eng.pdf;jsessionid=E543C79850C9F90490F16DA846FB7C42?sequence=1> Acesso em: 24/03/2022.
Centro de Controle de Doenças e Prevenção. Introdução à Epidemiologia. Disponível em: <https://www.cdc.gov/csels/dsepd/ss1978/lesson1/section11.html> Acesso em: 24/03/2022.
Organização Pan-Americana da Saúde. Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades (MOPECE). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/modulo_principios_epidemiologia_5.pdf> Acesso em: 24/03/2022
Centro de Controle de Doenças e Prevenção. Mapa de Distribuição da Doença do Vírus Ebola: Casos da Doença do Vírus Ebola na África desde 1976. Disponível em: <https://www.cdc.gov/vhf/ebola/history/distribution-map.html> Acesso em: 24/03/2022
Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico – Malária 2020. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/boletins-epidemiologicos/especiais/2020/boletim_especial_malaria_1dez20_final.pdf> Acesso em: 24/03/1990
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO RDC Nº 475, DE 10 DE MARÇO DE 2021. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-475-de-10-de-marco-de-2021-307999666> Acesso em: 24/6/1990
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