Micheli Pecharki | 28 jul 2020
Segundo a Federação Mundial da Obesidade, sem uma mudança de hábitos, em menos de uma década a obesidade pode atingir 11,3 milhões de crianças no Brasil
Em todo o mundo, a prevalência da obesidade vem apresentando um rápido aumento, inclusive em crianças e adolescentes. Em algumas cidades brasileiras, como em Recife, por exemplo, o sobrepeso e a obesidade já atingem 30% ou mais da população nesta faixa etária.
Vários fatores são importantes para o desenvolvimento da obesidade, no entanto, os que poderiam explicar este crescente aumento estão relacionados, principalmente, às mudanças no estilo de vida e nos hábitos alimentares. Muitas crianças e adolescentes têm consumido, cada vez mais, alimentos industrializados e ultraprocessados, ricos em gorduras e açúcares. Além disso, com o aumento da violência, muitas crianças acabaram trocando as atividades físicas ao ar livre pelo computador e televisão.
A adoção de hábitos saudáveis, como a atividade física regular e a alimentação adequada, sobretudo na infância, é essencial para a saúde e a manutenção desses hábitos na vida adulta pode contribuir para que muitas doenças sejam evitadas.
Acompanhe o artigo a seguir e descubra quais são as consequências que a obesidade pode trazer para as crianças.
Os principais riscos associados ao excesso de peso na infância e na adolescência são o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis como o diabetes mellitus tipo 2, a hipertensão arterial (pressão alta) e as doenças cardiovasculares.
Essas doenças podem ser causadas por uma série de fatores de risco, sendo que os principais incluem, o sedentarismo, dieta rica em gorduras e açúcares – que estão presentes principalmente em alimentos ultraprocessados e fast-food – histórico familiar e hipercolesterolemia.
A hipercolesterolemia caracteriza-se pela elevação das concentrações sanguíneas de colesterol e pode ser detectada por meio do exame do perfil lipídico. Essa condição pode ser causada por fatores ambientais ou genéticos.
As alterações nos níveis de colesterol contribuem para o desenvolvimento da aterosclerose, uma inflamação causada pelo acúmulo de placas de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos. Com o tempo, essas placas acabam impedindo a passagem de sangue e, consequentemente, a oxigenação do tecido, prejudicando o coração.
Muitos estudos mostram que essa doença tem seu início já na infância e a sua progressão pode ser observada em adultos jovens. Desta forma, identificar as crianças e adolescentes que apresentam os fatores de risco para a aterosclerose é importante para prevenir as doenças cardiovasculares.
Levando-se em consideração os fatores de risco, os períodos críticos para desenvolvimento da obesidade são, o período intrauterino, o primeiro ano de vida, entre cinco e seis anos e a adolescência.
Desta forma, a prevenção da obesidade deve começar desde o pré-natal, com o monitoramento da gestante. Os profissionais de saúde devem estar atentos aos fatores de risco associados a estas faixas etárias para monitorar o desenvolvimento destas crianças.
A obesidade em crianças e adolescentes pode ser percebido pelos responsáveis. Detectado esse excesso, é essencial que os pais ou responsáveis procurem os profissionais da saúde e tomem as medidas necessárias para que o diagnóstico seja confirmado.
Segundo o Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, o diagnóstico de risco de obesidade é simples.
A partir de dados antropométricos como peso, estatura, circunferência e dobras, obtém-se determinados índices, de acordo com a idade e sexo da criança.
O IMC/I, também é avaliado e é um preditor de risco para doença cardiovascular, dislipidemia e hipertensão arterial, assim como a circunferência abdominal – embora não exista consenso sobre pontos anatômicos e de corte para classificação dessa medida em crianças.
A adoção e manutenção de hábitos saudáveis é essencial para prevenir a obesidade infantil. Também é importante que crianças e adolescentes conheçam os seus níveis de colesterol e triglicerídeos. Não deixe de estimular a prática de atividade física e a adoção de hábitos saudáveis, além de procurar um profissional de saúde. Embora a principal causa da obesidade em crianças seja a alimentação inadequada, a obesidade infantil também pode ser causada por distúrbios endócrino-metabólicos.
Uma alimentação saudável, sobretudo na infância, é essencial para a saúde e o bem estar. A manutenção desses hábitos na vida adulta pode contribuir para que muitas doenças sejam evitadas.
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Micheli é Bióloga. Acredita que transformar o conhecimento técnico em algo acessível é essencial para que as pessoas saibam como cuidar mais da própria saúde e vivam, assim, com mais qualidade de vida.
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