A neuropatia diabética é a mais comum complicação do Diabetes Mellitus (DM) e afeta aproximadamente 50% de todos os pacientes com DM tipo 1 e tipo 2.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, a neuropatia diabética é responsável por cerca de dois terços das amputações não-traumáticas, ou seja, aquelas que não são causadas por acidentes e fatores externos.
Muitas vezes, a neuropatia é uma complicação silenciosa. Acompanhe o artigo e saiba como evitá-la.
O que é a neuropatia diabética?
A neuropatia diabética acomete o sistema nervoso periférico. Pode afetar um único nervo, um grupo de nervos ou nervos no corpo inteiro.
Afeta as extremidades e, principalmente, os membros inferiores, causando o chamado pé diabético.
O que causa a neuropatia diabética?
Inúmeros fatores podem favorecer a progressão da neuropatia: controle inadequado da glicose, excesso de peso, nível elevado de triglicerídeos e hipertensão arterial.
No diabetes do tipo 1, normalmente os sintomas da neuropatia surgem após muitos anos de hiperglicemia mal controlada, enquanto na tipo 2 os sintomas podem se tornar aparentes apenas depois de pouco tempo exposto à hiperglicemia ou, até mesmo, no momento do diagnóstico.
Os principais sinais da neuropatia incluem:
- Sensação de ardência e queimadura;
- Dor constante;
- Formigamento;
- Dor espontânea;
- Dor excessiva diante de estímulos pequenos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito por simples exames nos pés. Todos as pessoas que vivem com diabetes devem receber avaliações dos pés, começando ao diagnóstico no DM2 e cinco anos após diagnóstico no diabetes tipo 1.
As avaliações devem ser, no mínimo, anuais (ou com intervalo ainda menor, caso o risco seja maior).
Nestas avaliações, o médico realiza a inspeção da integridade da pele, avalia a existência de deformidades musculoesqueléticas, examina pulsos e pesquisa a perda de sensibilidade nos pés.
Quais são os tipos?
Dependendo das características dos nervos afetados, esta doença pode ser dividida em 3 categorias:
- Sensorial: com sinais negativos (dormência, perda de sensibilidade) ou positivos (formigamento, queimação); com distribuição em “meias” ou “luvas” nas extremidades.
- Motor: fraqueza local, podendo ser proximal ou distal; pode ocorrer juntamente com a sensorial.
- Autonômica: pode envolver os sistemas cardiovascular, gastrointestinal, geniturinário e glândulas sudoríparas.
Como a neuropatia diabética é classificada?
A mais comum classificação do estágio da neuropatia diabética é a seguinte:
- NO: Sem neuropatia.
- N1a: Presença de sinais, mas ausência de sintomas.
- N2a: Polineuropatia diabética sintomática moderada; pode haver envolvimento motor, sensorial ou autonômico; o paciente é capaz de andar com os calcanhares.
- N2b: Polineuropatia diabética sintomática severa; o paciente é incapaz de andar com os calcanhares.
- N3: Polineuropatia diabética incapacitante.
Como é feito o controle da doença?
Os principais fatores para controle da neuropatia diabética são:
- Cuidados com os pés com acompanhamento médico regular. Examine os seus pés e pernas todos os dias;
- Severo controle glicêmico;
- Manejo da dor;
- Tratamento da gastroparesia (diminuição dos movimentos gástricos e intestinais);
- Tratamento das disfunções autonômicas como a disfunção erétil, a hipotensão ortostática (hipotensão em que a pressão arterial de uma pessoa cai de forma abrupta quando esta pessoa assume a posição de pé ou quando realiza uma alongamento) e a sudorese.
Existe tratamento cirúrgico para a doença?
Infelizmente ainda não há cirurgia capaz de reverter os efeitos da neuropatia diabética e os casos cirúrgicos são reservados para controle das consequências da doença, como:
- Debridamento (remoção do tecido desvitalizado e ou material estranho ao organismo) ou amputação de pés devido a necrose ou infecção;
- Jejunostomia (cirurgia de abertura no intestino, quando o paciente apresenta alguma dificuldade no estômago, impossibilitando a alimentação via oral e pela gastrostomia) para controle de gastroparesia intratável (disfunção na motilidade gástrica);
- Implantação de prótese peniana para impotência;
- Transplante pancreático em casos de diabetes com doença renal terminal.
Referências bibliográficas:
BVS Atenção Primária em Saúde. Como avaliar os pés dos pacientes diabéticos? É indispensável usar monofilamento para testar sensibilidade? Disponível em: <https://aps.bvs.br/aps/como-avaliar-os-pes-dos-pacientes-diabeticos-e-indispensavel-usar-monofilamento-para-testar-sensibilidade/>. Acesso em: 26 de dezembro de 2019.
Scielo. Neuropatia diabética. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-00132016000500046&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 14 de novembro de 2019.
Sociedade Brasileira de Diabetes. Neuropatia diabética. Disponível em: <https://www.diabetes.org.br/publico/complicacoes/neuropatia-diabetica>. Acesso em: 26 de dezembro de 2019.
Medscape. Diabetic Neuropathy. Disponível em:
<https://emedicine.medscape.com/article/1170337-overview>. Acesso em: 14 de novembro de 2019.