O que é neuropatia diabética e como diagnosticar?

Hilab | 27 dez 2019

A neuropatia diabética é a mais comum complicação do Diabetes Mellitus (DM) e afeta aproximadamente 50% de todos os pacientes com DM tipo 1 e tipo 2.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, a neuropatia diabética é responsável por cerca de dois terços das amputações não-traumáticas, ou seja, aquelas que não são causadas por acidentes e fatores externos.

Muitas vezes, a neuropatia é uma complicação silenciosa. Acompanhe o artigo e saiba como evitá-la.

O que é a neuropatia diabética? 

A neuropatia diabética acomete o sistema nervoso periférico. Pode afetar um único nervo, um grupo de nervos ou nervos no corpo inteiro.

Afeta as extremidades e, principalmente, os membros inferiores, causando o chamado pé diabético.

O que causa a neuropatia diabética? 

Inúmeros fatores podem favorecer a progressão da neuropatia: controle inadequado da glicose, excesso de peso, nível elevado de triglicerídeos e hipertensão arterial.

No diabetes do tipo 1, normalmente os sintomas da neuropatia surgem após muitos anos de hiperglicemia mal controlada, enquanto na tipo 2 os sintomas podem se tornar aparentes apenas depois de pouco tempo exposto à hiperglicemia ou, até mesmo, no momento do diagnóstico.

Os principais sinais da neuropatia incluem:

  • Sensação de ardência e queimadura;
  • Dor constante;
  • Formigamento;
  • Dor espontânea;
  • Dor excessiva diante de estímulos pequenos.

 

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico é feito por simples exames nos pés. Todos as pessoas que vivem com diabetes devem receber avaliações dos pés, começando ao diagnóstico no DM2 e cinco anos após diagnóstico no diabetes tipo 1.

As avaliações devem ser, no mínimo, anuais (ou com intervalo ainda menor, caso o risco seja maior).

 Nestas avaliações, o médico realiza a inspeção da integridade da pele, avalia a existência de deformidades musculoesqueléticas, examina pulsos e pesquisa a perda de sensibilidade nos pés.

 Quais são os tipos? 

Dependendo das características dos nervos afetados, esta doença pode ser dividida em 3 categorias:

  • Sensorial: com sinais negativos (dormência, perda de sensibilidade) ou positivos (formigamento, queimação); com distribuição em “meias” ou “luvas” nas extremidades.
  • Motor: fraqueza local, podendo ser proximal ou distal; pode ocorrer juntamente com a sensorial.
  • Autonômica: pode envolver os sistemas cardiovascular, gastrointestinal, geniturinário e glândulas sudoríparas.

Como a neuropatia diabética é classificada?

A mais comum classificação do estágio da neuropatia diabética é a seguinte:

  • NO: Sem neuropatia.
  • N1a: Presença de sinais, mas ausência de sintomas.
  • N2a: Polineuropatia diabética sintomática moderada; pode haver envolvimento motor, sensorial ou autonômico; o paciente é capaz de andar com os calcanhares.
  • N2b: Polineuropatia diabética sintomática severa; o paciente é incapaz de andar com os calcanhares.
  • N3: Polineuropatia diabética incapacitante.

Como é feito o controle da doença?

Os principais fatores para controle da neuropatia diabética são:

  • Cuidados com os pés com acompanhamento médico regular. Examine os seus pés e pernas todos os dias;
  • Severo controle glicêmico;
  • Manejo da dor;
  • Tratamento da gastroparesia (diminuição dos movimentos gástricos e intestinais);
  • Tratamento das disfunções autonômicas como a disfunção erétil, a hipotensão ortostática (hipotensão em que a pressão arterial de uma pessoa cai de forma abrupta quando esta pessoa assume a posição de pé ou quando realiza uma alongamento) e a sudorese.

Existe tratamento cirúrgico para a doença?

Infelizmente ainda não há cirurgia capaz de reverter os efeitos da neuropatia diabética e os casos cirúrgicos são reservados para controle das consequências da doença, como: 

  • Debridamento (remoção do tecido desvitalizado e ou material estranho ao organismo) ou amputação de pés devido a necrose ou infecção;
  • Jejunostomia (cirurgia de abertura no intestino, quando o paciente apresenta alguma dificuldade no estômago, impossibilitando a alimentação via oral e pela gastrostomia) para controle de gastroparesia  intratável (disfunção na motilidade gástrica);
  • Implantação de prótese peniana para impotência;
  • Transplante pancreático em casos de diabetes com doença renal terminal.

Referências bibliográficas:

BVS Atenção Primária em Saúde. Como avaliar os pés dos pacientes diabéticos? É indispensável usar monofilamento para testar sensibilidade? Disponível em: <https://aps.bvs.br/aps/como-avaliar-os-pes-dos-pacientes-diabeticos-e-indispensavel-usar-monofilamento-para-testar-sensibilidade/>. Acesso em: 26 de dezembro de 2019.

Scielo. Neuropatia diabética. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-00132016000500046&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 14 de novembro de 2019.

Sociedade Brasileira de Diabetes. Neuropatia diabética. Disponível em: <https://www.diabetes.org.br/publico/complicacoes/neuropatia-diabetica>. Acesso em: 26 de dezembro de 2019.

Medscape. Diabetic Neuropathy. Disponível em:

<https://emedicine.medscape.com/article/1170337-overview>. Acesso em: 14 de novembro de 2019.

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