Micheli Pecharki | 02 mar 2021
Ao longo dos anos, o tratamento antirretroviral tem se mostrado altamente eficaz. Por este motivo, hoje, a maior parte das pessoas que vivem com HIV e seguem o tratamento adequado, conseguem atingir a chamada “carga viral indetectável”.
Isso significa que o tratamento é capaz de reduzir a quantidade de HIV no sangue para níveis que não são detectáveis por testes laboratoriais padrão.
Mas o que isso significa? Acompanhe o artigo a seguir e descubra.
Carga viral é um termo que utilizamos para descrever a quantidade de vírus que uma pessoa possui no corpo. O termo costuma ser mais conhecido por pessoas que apresentam infecção pelo HIV, entretanto com a pandemia do novo coronavírus a palavra passou a ser conhecida por toda a população.
No caso da carga viral do HIV, é a quantidade desse tipo de vírus que existe no sangue ou plasma de uma pessoa.
Como o HIV é um vírus que afeta o sistema imunológico, que é responsável por defender o organismo de doenças, quanto maior a carga viral (quantidade de vírus no corpo) maior será o comprometimento desse sistema.
Quando uma pessoa vivendo com HIV segue o tratamento com os medicamentos antirretrovirais, a carga viral torna-se tão baixa que não é detectada pelo exame de carga viral e assim temos o que chamamos de carga viral indetectável. No vídeo a seguir, o Dr. Bernardo Almeida, médico infectologista, explica esse conceito:
Uma pessoa vivendo com HIV e com carga viral indetectável não transmite o HIV sexualmente. Foi assim que surgiu o termo “indetectável = intransmissível”.
O termo é válido desde que as pessoas vivendo com HIV estejam com carga viral do HIV indetectável há pelo menos seis meses.
Entre os anos de 2007 e 2016, foram realizados três grandes estudos envolvendo a transmissão sexual do HIV. Esses estudos foram realizados com milhares de casais.
Cada casal era formado por uma pessoa vivendo com HIV (mas com carga viral indetectável) e uma pessoa soronegativa (sem HIV).
Os estudos mostraram que não houve transmissão sexual do HIV.
O tratamento antirretroviral (tratamento do HIV), permite às pessoas que vivem com o vírus levar uma vida saudável.
Hoje, uma pessoa com HIV, que segue o tratamento adequado, pode viver tanto tempo quanto uma pessoa que não tem o vírus. A longevidade é muito semelhante.
Segundo o Unaids “com a escolha certa de medicamentos antirretrovirais, os níveis virais cairão ao longo de vários meses para níveis indetectáveis e permitirão que o sistema imunológico comece a se recuperar”.
O acesso ao tratamento antirretroviral é essencial para que as pessoas que têm o vírus tenham qualidade de vida.
Não há uma resposta definitiva para essa pergunta. Uma pessoa só pode saber se tem carga viral indetectável fazendo o teste de carga viral.
Mesmo que a mãe esteja com a carga viral indetectável, o vírus pode ser transmitido durante a amamentação.
Por isso, a mãe que vive com HIV, além de fazer o tratamento para o HIV, deve fazer também um tratamento para inibir a lactação (disponível no Sistema Único de Saúde – SUS). O bebê deve ser alimentado com fórmula láctea, também distribuído pelo SUS.
O tratamento para todas as pessoas faz parte de um conjunto de estratégias denominada “prevenção combinada”.
No Brasil, todas as pessoas diagnosticadas com o HIV têm o direito de receber o tratamento antirretroviral (TARV) gratuitamente.
O tratamento, além de contribuir para a melhoria da qualidade de vida da pessoa que vive com o HIV, reduz a transmissão do vírus, além de diminuir a mortalidade.
Como vimos, os medicamentos antirretrovirais reduzem a quantidade de vírus circulante no organismo da pessoa que vive com HIV, fazendo com que ela alcance a “carga viral indetectável”.
A pessoa que atinge a carga viral indetectável tem uma chance insignificante de transmitir o vírus para outra pessoa em relações sexuais desprotegidas.
Além disso, a adesão ao tratamento, ou seja, o uso regular e correto da medicação reduz o número de infecções por doenças oportunistas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até hoje, mais de 70 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV.
Cerca de 37 milhões de pessoas no mundo vivem com o vírus, sendo que 22 milhões estão em tratamento.
No Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids de 2018, foram diagnosticados 42.420 novos casos de HIV e 37.791 casos de Aids. Lembre- se, que ter HIV não é o mesmo que ter Aids.
Desde o ano de 2012, observa-se uma diminuição na taxa de detecção de aids no Brasil, redução que tem sido mais acentuada desde a recomendação “tratamento para todos”, implementada em 2013.
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Ministério da Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. DIAHV atualiza informações sobre o conceito Indetectável = Intransmissível. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/noticias/diahv-atualiza-informacoes-sobre-o-conceito-indetectavel-intransmissivel>. Acesso em: 19 de junho de 2019.
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico. HIV/Aids 2018. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2018/boletim-epidemiologico-hivaids-2018>. Acesso em: 19 de junho de 2019.
ONU News. OMS: 75% das pessoas que vivem com HIV sabem que estão infetadas. Disponível em: <https://news.un.org/pt/story/2018/11/1649811>. Acesso em: 18 de junho de 2019.
Micheli é Bióloga. Acredita que transformar o conhecimento técnico em algo acessível é essencial para que as pessoas saibam como cuidar mais da própria saúde e vivam, assim, com mais qualidade de vida.
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