Hilab | 23 jun 2020
A dificuldade para engravidar é um problema enfrentado por muitas mulheres. A fertilidade pode ser prejudicada tanto questões hormonais e anatômicas individuais, como o hipotireoidismo, quanto fatores relacionados aos hábitos e estilo de vida.
Por este motivo, para muitas mulheres, atingir a gravidez pode se tornar uma longa jornada que inclui diversas formas de tratamento.
Se você deseja engravidar e está passando dificuldades, leia o texto a seguir e conheça 9 fatores que prejudicam a fertilidade da mulher.
Ao contrário do que se pensa, o tabagismo não envolve apenas o hábito de fumar cigarros, mas também o consumo de outros produtos como charutos, narguilé, cachimbo e fumo de mascar. Esse hábito é considerado uma das principais causas de alterações reprodutivas.
Na fertilidade, o uso de tabaco afeta a ovulação por aumentar a liberação de radicais livres no organismo e interferir nos níveis de alguns hormônios essenciais. Isso pode provocar irregularidade menstrual e amenorreia, que é a ausência de menstruação.
As substâncias tóxicas do cigarro também interferem no bom funcionamento das tubas uterinas, canais responsáveis pela captação do óvulo que sai do ovário no momento da ovulação e pelo transporte dos espermatozoides para o óvulo a ser fertilizado.
Dentre outros danos causados pelo tabagismo à fertilidade, podemos citar também o detrimento da divisão das células do embrião, da formação do blastocisto e da implantação do embrião.
O consumo de álcool pode diminuir as chances de engravidar, uma vez que, por alterar a metabolização dos hormônios pelo fígado, leva ao desequilíbrio dos níveis hormonais. Mulheres que tomam mais de quatro bebidas alcoólicas por semana podem ter dificuldade para ter filhos e por isso podem precisar de tratamentos de fertilidade para engravidar.
As bebidas alcoólicas também aumentam o risco de problemas ginecológicos. Alguns estudos associam o consumo ao agravamento de síndrome dos ovários policísticos e endometriose.
Além disso, não há quantidade segura de ingestão para mulheres grávidas. O álcool deve ser completamente restrito durante a gravidez, pois a substância compromete a saúde do feto e da gestante.
Tanto o sobrepeso quanto a magreza excessiva são bastante prejudiciais para a reprodução. Com relação ao excesso de peso, mulheres obesas têm a fertilidade diminuída, mesmo apresentando um ciclo regular.
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, mulheres obesas possuem três vezes mais chances de sofrer de infertilidade do que mulheres com o índice de massa corporal (IMC) dentro da normalidade.
Ainda não há uma conclusão sobre quais são os mecanismos associados à obesidade interferem na fertilidade, mas estudos sugerem que a gordura corporal altera de forma complexa os níveis hormonais, o que pode afetar o ciclo menstrual e a capacidade de reprodução.
Por outro lado, mulheres muito magras também podem ter sua fertilidade diminuída. De acordo com um estudo realizado pela pesquisadora Rose Friesch na Universidade de Harvard, um sistema reprodutivo saudável precisa de teor de gordura.
A pesquisa aponta que um IMC com valores abaixo de 18 ou 19 pode interferir na fertilidade feminina, fazendo com que a mulher deixe de ovular mesmo com a menstruação aparente. Para saber qual é o valor do IMC, a pessoa precisa dividir o seu peso (em quilos) por sua altura (em metros).
O estresse afeta o organismo de diversas maneiras: aumenta a tensão muscular e a frequência cardíaca, acelera a respiração, causa problemas gastrointestinais e afeta a saúde mental. A fertilidade também é prejudicada pelo estresse.
Essa redução no desempenho reprodutivo ocorre porque o corpo associa o estresse ao estado de sobrevivência e, por isso, se esforça para economizar energia, o que prejudica uma possível gravidez.
O estresse crônico ou grave leva à anovulação, condição causada quando o óvulo não chega a ser liberado pelo ovário para ser fecundado. Essa condição também provoca amenorreia – ausência de menstruação.
Além disso, por estimular a liberação de hormônios como adrenalina e cortisol que podem impedir a ovulação, o estresse também pode afetar o sistema endócrino.
A deficiência de vitaminas e minerais causado por dietas inadequadas, restrições alimentares ou uma alimentação pobre em nutrientes, resulta em um mau desempenho do organismo. Isso pode causar alterações fisiológicas nos ciclos menstruais, provocando a infertilidade.
Uma baixa ingestão de proteínas, vitaminas e minerais está associada à alteração da capacidade de reprodução, já que a falta de energia está diretamente relacionada à redução da maturação ovulatória em mulheres.
Alguns nutrientes que interferem na fertilidade são o ferro, que previne a anemia; selênio, cobre e zinco que ajudam a manter o líquido folicular ao redor dos óvulos; e o magnésio, que influencia na saúde dos ovários.
Além disso, uma maior ingestão de vitaminas B1, B2, B3, B6 e B12 pode estar associada à diminuição do risco de infertilidade em casos de distúrbio ovulatório, que ocorre quando a infertilidade é causada por problemas nos ovários.
Em estudo um realizado pelo American Journal of Clinical Nutrition, baixos níveis de vitamina B12 são associados à infertilidade feminina. A pesquisa ainda mostra que ter níveis maiores de B12 e vitamina B9 (ácido fólico) pode ajudar mulheres em tratamento de infertilidade.
Um estudo brasileiro observa que a doença celíaca — quando o metabolismo não digere o glúten — é um fator de risco para a infertilidade feminina se não for diagnosticada e tratada. Nesses casos, o consumo de alimentos sem glúten pode aumentar a fertilidade dos celíacos.
Atividades físicas intensas e desequilibradas podem afetar a fertilidade. O problema de se exercitar demais é que o organismo pode perceber os níveis de adrenalina e cortisol como um motivo para não incentivar a fertilidade.
Assim como ocorre em casos de estresse, quando há o exagero nos exercícios, o corpo não estimula a ovulação e encara isso como uma proteção ao organismo.
Porém, de forma equilibrada e saudável, a prática de exercícios físicos pode ajudar o organismo a driblar questões que interferem na fertilidade, como o sobrepeso, colesterol alto e estresse.
Um fator biológico que interfere na fertilidade da mulher e do homem é a idade. À medida que a pessoa envelhece, seu potencial para ter filhos diminui, embora o momento exato em que isso comece a acontecer possa variar entre os indivíduos.
O Ministério da Saúde considera que o quadro de infertilidade começa a partir dos 37 anos, quando ocorre o declínio de sua ovulação e o corpo começa a se preparar para a menopausa.
De forma natural, a fertilidade das mulheres declina com a idade, iniciando a queda aos 30 anos, se acentuando aos 35 e atingindo o máximo da infertilidade a partir dos 45 anos.
Com as dificuldades para engravidar, algumas mulheres consideraram estimular os ovários por meio de tratamentos hormonais controlados e até mesmo a fertilização in vitro, para aumentar as chances de ter um filho.
Maconha, heroína, cocaína, opioides, alucinógenos e as demais substâncias ilícitas usadas para uso recreativo, prejudicam os níveis hormonais e causam um grande impacto na função reprodutiva, tanto em homens quanto em mulheres.
O abuso de drogas prejudica o sistema neuroendócrino e gonadal, causando problemas hormonais que provocam a infertilidade, além de causarem disfunção sexual.
Mesmo sabendo que as drogas possam interferir na fertilidade, os estudos ainda não concluem se a infertilidade causada pelo uso dessas substâncias é reversível se houver total abstinência.
Pesquisas recentes vêm analisando o impacto de medicamentos que tratam da saúde mental na fertilidade natural.
Um estudo canadense sugere que o uso de antidepressivos em mulheres com antecedentes de ansiedade ou depressão afeta negativamente a fertilidade, visto que 9,6% do grupo de mulheres que demonstraram dificuldade para engravidar faziam o uso de remédios inibidores de receptação da serotonina.
Dados coletados em pesquisa realizada pelo American Journal of Obstetrics and Gynecology também sugerem que os antidepressivos podem reduzir a fertilidade natural das mulheres, reconhecendo que há a possibilidade de que os próprios transtornos psiquiátricos possam diminui a capacidade de reprodução feminina.
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