O que é IST e qual é a sua diferença para uma DST?

Micheli Pecharki | 09 mar 2021

A sigla IST refere-se a uma Infecção Sexualmente Transmissível, que antes era denominada como DST (Doença Sexualmente Transmissível). A terminologia IST passou a ser adotada para substituir a expressão DST porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo não apresentando sintomas. Tratam-se de infecções causados por vírus, bactérias ou outros microrganismos.

As ISTs são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal ou anal) sem o uso de preservativo, com uma pessoa que esteja com a infecção. As ISTs também podem ser transmitidas da mãe para o filho durante a gestação, parto ou amamentação. Existem mais de 30 infecções bacterianas, virais ou parasitárias identificadas como sexualmente transmissíveis. Saiba quais são as mais comuns e como preveni-las.

Quais são as principais infecções sexualmente transmissíveis?

Segundo o Ministério da Saúde, os exemplos mais conhecidos são:

  • Herpes genital;
  • Sífilis;
  • Gonorreia;
  • Infecção pelo HIV;
  • Infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV);
  • Hepatites virais B e C.

Herpes genital

A herpes genital é geralmente causada pelos vírus herpes simples tipo 2 (HSV-2). O vírus tipo 1 é geralmente responsável pela herpes labial, no entanto também pode causar herpes genital.

As lesões surgem após um período de cerca de 1 semana e causam ardência. Em seguida, surgem as vesículas. Tanto homens quanto mulheres podem sentir dor ao urinar. Geralmente as vesículas cicatrizam em apenas algumas semanas.

Não existe cura para o herpes genital. Atualmente as drogas aciclovir, fanciclovir e valaciclovir são recomendadas para tratamento.

Sífilis

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível bacteriana causada pelo Treponema pallidum. A sífilis pode ser transmitida por contato sexual de todos os tipos , por infecções da sífilis na área genital e em outras áreas do corpo. A doença progride em estágios:

  • Estágio primário: O primeiro sinal desse estágio é uma ferida ulcerada, de base dura, que normalmente surge no local de infecção. A ferida é indolor, no entanto produz um líquido altamente infeccioso. Em poucas semanas, a lesão desaparece. Nem sempre a lesão é visível pois, em homens, pode estar localizada na uretra. Durante esse estágio as bactérias entram na corrente sanguínea e se espalham por todo o corpo.
  • Estágio secundário: É caracterizado por erupções na pele e nas mucosas. Qualquer superfície do corpo pode ser afetada por essas lesões que apresentam uma grande quantidade de bactérias e são altamente infecciosas. Outros sintomas incluem febre baixa e mal estar. Após algumas semanas, os sintomas cedem e a doença entra no período latente. Após um período de 2 a 4 anos de latência a doença normalmente não é transmitida para outras pessoas mas pode ser transmitida da mãe para o filho (transmissão vertical).
  • Estágio terciário: Esse estágio ocorre somente após muitos anos do início da fase latente. Os sintomas incluem lesões denominadas gomas. Algumas dessas lesões podem causar extensos danos nos tecidos, o que leva à perfuração do céu da boca e prejudica a fala. Também podem causar desfiguração e incapacidade, podendo ser fatais. É comum que os sistemas nervoso e cardiovascular sejam prejudicados.

A sífilis também pode ser transmitida da mãe para o feto através da placenta. Os sintomas neurológicos e o prejuízo no desenvolvimento mental são as consequências mais graves.

Gonorreia

A gonorreia é uma infecção causada por uma bactéria denominada Neisseria gonorrhoeae. A invasão da bactéria no organismo desencadeia uma inflamação. Quando os leucócitos seguem até a área inflamada, ocorre a formação de pus característica.

Os homens percebem a infecção pela dor ao urinar e secreção de material contendo pus pela uretra. Cerca de 80% dos homens percebem esses sintomas após um período de incubação de apenas alguns dias.

No caso das mulheres, são poucas que percebem a infecção. No entanto, posteriormente, a mulher pode apresentar dor abdominal proveniente de complicações como a doença inflamatória pélvica (infecção bacteriana extensa dos órgãos pélvicos femininos).

Infecção pelo HIV

O HIV é uma infecção causada por um vírus denominado vírus da imunodeficiência humana. Existem 2 tipos de vírus causadores da infecção, o HIV-1 e o HIV-2. Grande parte dos casos da epidemia global de Aids é causada pelo HIV-1. Atualmente, uma parcela considerável dos diagnósticos de casos de infecção pelo HIV na população feminina ocorre durante a gestação.

Clinicamente, a infecção pelo HIV é dividida em três fases: aguda, assintomática e de latência clínica e AIDS.

– Fase aguda (3 a 4 semanas)

A fase aguda corresponde às primeiras semanas de infecção. Nessa fase, a pessoa pode não apresentar sintomas ou ter poucos sintomas como febre, dor de garganta, dor de cabeça, dor ocular, dentre outros.

– Fase assintomática ou de latência clínica (8 a 10 anos)

Nessa fase, embora o HIV esteja se replicando no organismo, geralmente não há o desenvolvimento de manifestações clínicas. Nesse período de latência, o risco de propagação da infecção aumenta quando o portador do HIV desconhece a infecção.

– Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)

Nessa fase, a pessoa fica doente devido ao comprometimento do sistema imunológico e os pacientes ficam mais propensos a desenvolver infecções oportunistas. Desta forma, os sintomas variam de acordo com o agente causador da dessa infecção. Geralmente, os sintomas incluem perda de peso, cansaço incomum, sudorese noturna, falta de apetite, diarreia, ressecamento da pele, queda de cabelo, entre outros.

Muitas vezes, as pessoas que vivem com HIV estão mais expostas a agentes infecciosos, como os vírus da hepatite B e do HPV, uma vez que as vias de transmissão são semelhantes às do HIV.

Infecção pelo HPV

HPV é a sigla em inglês para papilomavírus humano. Os HPV são vírus capazes de infectar a pele ou as mucosas (oral, genital ou anal) e podem provocar verrugas na região genital e no ânus e câncer, dependendo do tipo do vírus. O HPV pode provocar lesões precursoras de tumores malignos, especialmente do câncer de colo do útero e do pênis.

A infecção pelo HPV aumenta o risco de transmissão do HIV, tanto para homens quanto para mulheres.

A medida mais eficaz para prevenir a infecção é tomar a vacina contra o papilomavírus. A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para:

Meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos;

Pessoas que vivem HIV;

Pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 26 anos.

Hepatite virais

Hepatite é uma inflamação no fígado. As hepatites que podem ser transmitidas por meio do contato sexual são as hepatites B e C.  São doenças silenciosas que, na maioria dos casos, não apresentam sintomas. Quando presentes, os mais comuns incluem: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

As hepatites podem evoluir para cirrose e câncer de fígado, quando não tratadas.

Como prevenir uma infecção sexualmente transmissível?

A melhor forma de prevenir uma infecção sexualmente transmissível é utilizando camisinha (masculina ou feminina) em todas as relações sexuais. Lembre-se que as ISTs também podem ser transmitidas da mãe para o filho durante a gestação. Por isso, todas as pessoas que desejam engravidar devem realizar os testes para detectar as IST. Também é importante tomar as vacinas contra a Hepatite B e o HPV.

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Referências Bibliográficas:

Ministério da Saúde. Departamento de
Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. O que são hepatites virais? Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-hepatites-virais>. Acesso em: 31 de janeiro de 2019.

Ministério da Saúde. HPV: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. Disponível em: <http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/hpv>. Acesso em: 02 de agosto de 2019.

Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico. Hepatites Virais 2018. Ano VI – nº 01.

Michelin, L.;  Levi, M.; Andrade, J.; Ballalai, I.; Succi, R.; Kfouri, R.;  Richtmann, R. Sociedade Brasileira de Infectologia. Guia de Imunização SBIm/SBI. 2016-2017.

Ministério da Saúde. Hepatite B. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/hepatite>. Acesso em: 16 de outubro de 2018.

Micheli Pecharki

Micheli Pecharki

Micheli é Bióloga. Acredita que transformar o conhecimento técnico em algo acessível é essencial para que as pessoas saibam como cuidar mais da própria saúde e vivam, assim, com mais qualidade de vida.

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