Vacina da Covid em crianças: principais reações e eficácia

Hilab | 10 fev 2022

Enfermeira aplicando vacina da covid em criança

Com o avanço das campanhas de vacinação para proteger os grupos de risco do novo coronavírus, começaram os debates sobre estender a imunização para outros grupos, incluindo a vacina da Covid em crianças.

A verdade é que a vacinação sempre fez parte da infância. Doenças como sarampo, varíola e poliomielite foram praticamente erradicadas do Brasil graças às extensas campanhas de vacinação que ocorrem há décadas no país.

Porém, como a COVID-19 é uma doença recente, e os imunizantes foram produzidos em tempo recorde – em um esforço colaborativo que envolveu laboratórios e profissionais da saúde de todo o mundo -, é compreensível que pais ou responsável sintam-se inseguros.

Aí surgem dúvidas sobre a vacinação: afinal, a vacina da Covid em crianças é seguro? Devo vacinar meu filho? Neste artigo, vamos tentar esclarecer estas e tantas outras questões sobre a vacinação de crianças.

É seguro aplicar a vacina da COVID-19 em crianças?

Sim. Diversos estudos e ensaios clínicos foram conduzidos ao longo dos últimos meses para garantir que a vacinação infantil contra a COVID-19 seja feita de forma segura e responsável.

A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Strategic Advisory Group of Experts on Immunization (SAGE) emitiram um relatório, no dia 21 de janeiro de 2022, onde informaram que crianças de 5 a 11 anos saudáveis deveriam ser o próximo grupo na lista de prioridades, agora que a maior parte da população já está vacinada.

Os benefícios de aplicar a vacina da covid em crianças são muitos: para começar, claro, está a imunização de um grupo que, se não é particularmente de risco, tornou-se o mais suscetível a contrair o vírus, agora que idosos e adultos já estão devidamente vacinados.

Além disso, as crianças podem tornar-se vetores de transmissão, ou mesmo serem responsáveis por uma nova sobrecarga nos sistemas de saúde, caso os números de casos graves aumentem. Para piorar, quanto mais um vírus circula, maiores são as chances de novas variantes surgirem.

Quais são as vacinas contra Covid-19 autorizadas para crianças?

Aqui no Brasil, temos duas vacinas aprovadas pela Anvisa para aplicação em crianças: a primeira delas é a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan. O imunizante pode ser aplicado em crianças de 6 até adolescentes de 17 anos, com intervalo de até 4 semanas entre as doses.

Segundo o Butantan, “a CoronaVac é a vacina mais segura entre todas as utilizadas no mundo, além de ser a vacina mais utilizada na população de três a 17 anos, com mais de 211 milhões de doses aplicadas ao redor do mundo” – a CoronaVac (SinoVac) já foi aplicada em crianças em países como China, Hong Kong e Indonésia;

A dose pediátrica da Pfizer também foi liberada para aplicação em crianças de 5 a 11 anos de idade. Os pequenos recebem uma dose reduzida da vacina (10 microgramas em vez de 30 microgramas), e o intervalo entre as doses deve ser de 21 dias.

Vale ressaltar que a vacina da Pfizer é a que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomenda para crianças a partir de 5 anos. O imunizante já vem sendo usado para vacinação de crianças em mais de 30 países desde o final de 2021.

Quais são as possíveis reações e como amenizá-las?

Via de regra, crianças e adolescentes podem apresentar as mesmas reações à vacina que alguns adultos tiveram. Não é motivo para pânico dos pais, pois são eventos comuns e controlados.

Dentre as possíveis reações que as crianças podem apresentar, destacam-se:

  • Dor, inchaço e vermelhidão no local da aplicação
  • Cefaleia (dor de cabeça)
  • Febre
  • Cansaço
  • Diarreia
  • Dores pelo corpo

Uma reação bastante incomum, mas que assustou muitos pais, foi a miocardite – uma inflamação do músculo cardíaco – relatada por alguns pais de crianças que receberam a vacina da Pfizer. O evento, porém, é considerado raro pelo CDC, e pode ser tratado e controlado mediante acompanhamento médico e uso de medicamentos apropriados. 

No caso das reações mais comuns, um estudo do CDC demonstrou que elas tendem a aparecer no dia seguinte à aplicação da vacina. Dor no local da injeção, cansaço e dor de cabeça foram as queixas mais frequentes das crianças norte-americanas. Outro estudo, do periódico científico The Lancet, apontou que, de 550 crianças chinesas saudáveis, apenas 146 relataram algum tipo de reação adversa.

Devemos ressaltar ainda que, tal qual os adultos, muitos meninos e meninas podem não apresentar nenhuma reação à vacina da Covid em crianças. Isso não quer dizer que o imunizante não funcionou: cada organismo reage de um jeito.

Já as reações que podem aparecer por conta da aplicação da vacina da Covid em crianças podem ser amenizadas de diferentes maneiras. A febre, por exemplo, pode ser combatida por meio de antitérmicos. Já a dor no local da aplicação pode ser diminuída se uma bolsa térmica for colocada sobre a região dolorida.

Em ambos os casos, é fundamental que os pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos, para procurarem um pediatra de confiança se notarem alguma alteração aguda no bem-estar da criança.

Por que é importante vacinar as crianças?

Agora que idosos e adultos já estão imunizados, as crianças acabam sendo o grupo mais suscetível a contrair o novo coronavírus. Dados do Ministério da Saúde e do Instituto Butantan apontam que, desde o início da pandemia, mais de 1400 crianças de 0 a 11 anos perderam a vida em decorrência da COVID-19.

A vacina da Covid em crianças não evita o contágio, mas diminui drasticamente as chances delas desenvolverem sintomas graves e complicações. Com isso, elas não precisam de hospitalização, o que evita a superlotação de hospitais.

Este cuidado é importante especialmente por conta da variante Ômicron, que é mais transmissível. Quanto mais indivíduos vacinados, menos vírus circula. Com isso, menores são as chances de novas (e mais perigosas) cepas surgirem.

E, claro, mesmo após a vacinação, as medidas sanitárias recomendadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) continuam valendo para adultos e crianças. Entre elas, destacam-se: higienização das mãos (com água e sabão ou álcool em gel 70%), a utilização de máscaras e o distanciamento social, evitando aglomerações.

Referências Bibliográficas

Covid-19 é a segunda causa de morte em crianças. Disponível em <https://butantan.gov.br/noticias/covid-19-e-a-segunda-causa-de-morte-em-criancas–veja-o-infografico-e-entenda-a-importancia-da-vacinacao>. Acessado em 04 de fevereiro de 2022.

COVID-19 Vaccines for Children and Teens. Disponível em <https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/vaccines/recommendations/children-teens.html>. Acessado em 05 de fevereiro de 2022.

Anvisa aprova vacina da Pfizer contra Covid para crianças de 5 a 11 anos. Disponível em <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/anvisa-aprova-vacina-da-pfizer-contra-covid-para-criancas-de-5-a-11-anos>. Acessado em 05 de fevereiro de 2022.

CoronaVac é a vacina mais segura e vai proteger as crianças contra a Covid-19. Disponível em <https://butantan.gov.br/noticias/coronavac-e-a-vacina-mais-segura-e-vai-proteger-as-criancas-contra-a-covid-19-diz-dimas-covas-durante-estreia-do-imunizante-na-vacinacao-infantil>. Acessado em 05 de fevereiro de 2022.

SAGE e OMS apontam que é seguro e eficaz vacinar crianças a partir de 5 anos. Disponível em <https://www.paho.org/pt/noticias/21-1-2022-sage-e-oms-apontam-que-e-seguro-e-eficaz-vacinar-criancas-partir-5-anos-contra>. Acessado em 05 de fevereiro de 2022.

Safety, tolerability, and immunogenicity of an inactivated SARS-CoV-2 vaccine (CoronaVac) in healthy children and adolescents. Disponível em <https://www.thelancet.com/journals/laninf/article/PIIS1473-3099(21)00319-4/fulltext>. Acessado em 09 de fevereiro de 2022.

Informações técnicas das vacinas de covid para crianças. Disponível em <http://antigo.anvisa.gov.br/informacoes-tecnicas13?p_p_id=101_INSTANCE_WvKKx2fhdjM2&p_p_col_id=column-1&p_p_col_pos=1&p_p_col_count=2&_101_INSTANCE_WvKKx2fhdjM2_groupId=33868&_101_INSTANCE_WvKKx2fhdjM2_urlTitle=anvisa-alerta-os-profissionais-de-saude-sobre-as-diferencas-no-processo-de-vacinacao-contra-a-covid-19-em-criancas&_101_INSTANCE_WvKKx2fhdjM2_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_content&_101_INSTANCE_WvKKx2fhdjM2_assetEntryId=6385266&_101_INSTANCE_WvKKx2fhdjM2_type=content>. Acessado em 09 de fevereiro de 2022.

Pfizer afirma que sua vacina anticovídica é segura e eficaz para crianças de 5 a 11 anos. Disponíve em <https://portugues.medscape.com/verartigo/6506827>. Acessado em 09 de fevereiro de 2022.

Covid-19, crianças e o que se sabe da variante Ômicron. Disponível em <http://www.iff.fiocruz.br/index.php/8-noticias/823-criancas-omicron>. Acessado em 09 de fevereiro de 2022.

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