Por quantos dias a pessoa transmite a COVID-19?

Hilab | 24 jan 2022

por quanto tempo transmite a covid

A pandemia da COVID-19 infelizmente ainda não dá sinais de estar próxima de seu fim, e o medo de se infectar cresce na proporção que a variante ômicron se espalha. Neste cenário, é normal surgir a dúvida: por quantos dias a pessoa transmite a COVID quando está com a doença?

Um indivíduo com COVID-19 pode apresentar sintomas leves, graves ou ser assintomático. Independente de qual seja o seu quadro, essa pessoa transmite o vírus enquanto ele está presente em seu organismo, razão pela qual o distanciamento social e o isolamento são tão importantes. Entender melhor qual é o período de transmissibilidade do vírus é fundamental para evitarmos que ele se dissemine ainda mais.

Transmissão da COVID-19: o que diz a ciência e as instituições 

A transmissibilidade da COVID-19 ainda está sendo estudada por organizações médicas de todo o mundo. Pesquisas realizadas ao longo dos últimos anos já identificaram o período de maior transmissão do vírus Sars-CoV-2 em uma pessoa infectada, ou seja, por quantos dias uma pessoa transmite a COVID-19.

O período de incubação da COVID – que vai desde a infecção até o surgimento dos primeiros sintomas – costuma ser de 1 a 14 dias, sendo que a maioria dos pacientes começa a apresentar sintomas ali pelo quinto dia de contágio.

Porém, cada pessoa pode apresentar sintomas em um período diferente, ou mesmo jamais apresentar sintomas, no caso dos assintomáticos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) investigou, antes da criação das vacinas, se havia alguma relação entre a transmissibilidade e a gravidade da infecção. A pesquisa trouxe resultados muito significativos.

Foi descoberto que pacientes assintomáticos têm menos probabilidade de transmitir o vírus. Além disso, quanto mais graves forem os sintomas apresentados por uma pessoa, maior é a probabilidade de transmissão.

No entanto, isso não significa que pacientes assintomáticos não ofereçam riscos a outros: estudos subsequentes identificaram que, apesar da aparentemente menor taxa de transmissibilidade, esses casos (pessoas sem sintomas) representam os maiores números de infecções na população em geral.

Estudos identificaram que o período de transmissão do vírus começa por volta de dois dias antes do surgimento do primeiro sintoma, durando até 10 dias após a aparição dos sintomas. O pico de transmissão ocorre por volta do quinto dia dentro deste intervalo.

Debates sobre redução do isolamento

Anteriormente, em casos leves, se após 10 dias o paciente não apresentasse nenhum sintoma mais grave (como febre), por pelo menos 24 horas, ele poderia sair do isolamento, desde que respeitando as medidas sanitárias. Já em casos graves – que envolvessem internação -, o paciente deveria ficar em isolamento total por pelo menos 20 dias, e só receberia alta após o total desaparecimento de sintomas.

Recentemente, porém, levantou-se a possibilidade de reduzir o tempo de isolamento de pessoas infectadas. O debate começou nos Estados Unidos, mas já chegou ao Brasil, causando repercussões. No início de 2022, o Ministério da Saúde anunciou a redução do tempo de isolamento de 10 para 7 dias.

Os debates ao redor do mundo levantam a ideia de reduzir ainda mais esse período, com isolamento de 5 dias, em casos leves e assintomáticos. Essa redução de fato aconteceu nos Estados Unidos por decisão do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), mas, se considerarmos por quantos dias a pessoa transmite a COVID, isso pode minar todos os esforços para conter o vírus. 

No Brasil, a redução para 7 dias foi recebida com protestos por parte da comunidade médica e científica, mas aceita em casos de doença assintomática. Porém, a exemplo dos Estados Unidos, o Ministério da Saúde ponderou a possibilidade de redução para 5 dias, sugestão que foi rejeitada e repudiada por organizações e autoridades médicas do país, principalmente em vista do aumento de casos da variante ômicron, que tem alta capacidade de transmissão.

A verdade é que não existem dados suficientes para viabilizar uma nova redução. Vale ressaltar que a redução do período de quarentena é acompanhada de muitas medidas sanitárias, como uso da máscara e vacinação.

As razões por trás destas diminuições vão além do cenário médico. Nos Estados Unidos, o CDC justificou a decisão ao mencionar que o pico da transmissão acontece em “até 2-3 dias após o surgimento de sintomas”. Isso gerou enorme controvérsia pela aparente motivação econômica por trás disso – priorizando o retorno ao trabalho e não a segurança das pessoas.

Muitas questões foram levantadas pela decisão ter sido tomada sem respaldo científico ou aprovação de órgãos da saúde. Essa situação se repete no Brasil, com órgãos como a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), posicionando-se de forma contrária à redução. Com isso, cresceram ainda mais as exigências por mais efetivas medidas sanitárias para o controle da pandemia.

Orientações do Ministério da Saúde 

O Ministério da Saúde publicou um guia de orientações para definir quanto tempo uma pessoa infectada com o SARS-CoV-2 deve ficar isolada em casos leves, já considerando a redução do período de isolamento para 5 dias. As recomendações levam em conta a carga viral do paciente, medida através de testagens antes da liberação dos pacientes e medidas sanitárias para impedir a proliferação do vírus.

As orientações são as seguintes:

  • Pacientes com quadro de síndrome gripal com confirmação de infecção da COVID-19, ou que ainda não tiveram amostras coletadas para investigação da infecção, devem permanecer isolados por 10 dias, recebendo alta somente se não apresentarem quadro febril e não usarem medicação antitérmica por pelo menos 24 horas.
  • O isolamento pode ser suspenso no 5º dia após o surgimento de sintomas se o paciente estiver a pelo menos 24 horas sem apresentar febre e uso de medicação antitérmica, e recebendo resultado não reagente no exame RT-PCR ou teste de antígeno para detecção do vírus.
  • Se o paciente não apresentar sintomas no 5º dia após o surgimento de sintomas, mas apresentar resultado reagente no exame RT-PCR, deverá ficar isolado até o 10º dia, recebendo alta somente se não apresentar sintomas de febre e estiver sob uso de medicações por pelo menos 24 horas.
  • Caso o paciente não tenha acesso ao exame RT-PCR ou teste de antígeno, mas ainda assim não apresentar sintomas e não esteja sob uso de medicações há pelo menos 24 horas, poderá deixar o isolamento após 7 dias.
  • Se o paciente apresentar sintomas respiratórios ou febre no 7º dia após o início dos sintomas, deverá ser realizado o exame RT-PCR ou teste de antígeno. Se o resultado for reagente para a presença do vírus, o paciente deverá permanecer isolado por 10 dias, recebendo alta somente se permanecer por pelo menos 24 horas sem apresentar sintomas respiratórios, febre, e não estar sob medicação. Porém, caso o exame conste como não reagente, com o paciente não apresentando sintomas e não estando sob medicação por pelo menos 24 horas, poderá sair do isolamento no 8º dia.
  • Caso o paciente precise ficar sob isolamento por 10 dias, não será necessário realizar testes para a presença do vírus, e o paciente poderá ser liberado do isolamento se não apresentar sintomas e não estiver sob uso de medicações por pelo menos 24 horas.

Orientações da Sociedade Brasileira de Infectologia 

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) se opõe veementemente à redução do isolamento para 5 dias, e recomenda, no mínimo, 7 dias de isolamento para pacientes assintomáticos, com recomendação de alta apenas para pacientes que estejam a, no mínimo, 24 horas sem apresentar febre e sem utilizarem medicamentos antitérmicos.

Já pacientes que apresentem sintomas devem ficar em isolamento por pelo menos 10 dias, enquanto os casos mais graves, envolvendo internações, devem durar no mínimo 20 dias. Tudo para reduzir a possibilidade de novas cadeias de transmissão, com base no cálculo de por quantos dias a pessoa transmite a COVID.

A SBI ainda recomenda que sejam feitas testagens para garantir que os pacientes não estejam transmitindo o vírus, com uso dos testes RT-PCR e antígeno.

Dessa forma, não importa a gravidade da infecção, qualquer pessoa infectada pelo vírus SARS-CoV-2 deve ficar em isolamento por no mínimo 7 dias. O tempo de isolamento será determinado pelo grau da infecção, com ênfase na testagem para verificar corretamente se um paciente está transmitindo o vírus ou não.

Cuidados necessários para evitar a transmissão 

Lembre-se: uma pessoa com COVID-19 pode não desenvolver sintomas, ou apresentar sintomas por vários dias. O que não muda é o fato de que uma pessoa infectada pode transmitir a doença, e isso precisa ser evitado a todo custo. Os debates sobre quanto tempo deve durar o isolamento seguem, mas não devem afetar as medidas sanitárias para combater a disseminação do vírus.

Pessoas que foram infectadas pelo COVID-19 devem seguir as seguintes medidas adicionais, formuladas pelo Ministério da Saúde, até o 10º dia após o surgimento de sintomas, caso recebam autorização para deixar o isolamento após o 5º dia:

  • Use máscaras, preferencialmente as cirúrgicas ou do modelo PFF2/N95, tanto em casa e principalmente em público.
  • Evite o contato com pessoas com sistemas imunológicos comprometidos ou que fazem parte de grupos de risco de agravamento da COVID-19. Evite também quaisquer locais com aglomerações de pessoas, como transportes públicos e locais onde não é possível manter o distanciamento físico.
  • Evite locais em que é necessário a remoção de máscaras, como bares e restaurantes. Além disso, mesmo dentro de sua própria casa, não coma perto de outras pessoas.
  • Não viaje durante o período de isolamento. E se o período de isolamento for encerrado antes de 10 dias, deve-se fazer o teste de RT-PCR ou de antígeno para verificação da presença do vírus antes de viajar, somente devendo realizar a viagem se o resultado for não reagente e sem que nenhum sintoma esteja presente. E se não for possível realizar o teste, o ideal é adiar a viagem até completar 10 dias do início dos sintomas.

Referências 

Associação Médica Brasileira. Boletim 02/2021 Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 (CEM COVID_AMB) Disponível em <https://infectologia.org.br/wp-content/uploads/2021/03/boletim-amb-02-21-comite-extraordinario-de-monitoramento-covid-19.pdf> Acessado em 20 de janeiro de 2022.

CNN Brasil. Entenda o debate sobre a redução da quarentena para a Covid-19 de assintomáticos. Disponível em <https://www.cnnbrasil.com.br/saude/entenda-o-debate-sobre-a-reducao-da-quarentena-para-a-covid-19-de-assintomaticos/> Acessado em 15 de janeiro de 2022.

Drauzio Varella – UOL. Transmissão da covid. Disponível em <https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/transmissao-da-covid-artigo/> Acessado em 15 de janeiro de 2022.

Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica COVID-19: Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional pela Doença pelo Coronavírus 2019. Disponível em <https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/publicacoes-tecnicas/guias-e-planos/guia-de-vigilancia-epidemiologica-covid-19/view> Acessado em 14 de janeiro de 2022.

Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. Por quanto tempo alguém com Covid-19 transmite o vírus? Infectologista da Sesa explica. Disponível em <https://www.saude.ce.gov.br/2021/03/16/por-quanto-tempo-alguem-com-covid-19-transmite-o-virus-infectologista-da-sesa-explica/> Acessado em 15 de janeiro de 2022.

Sociedade Brasileira de Infectologia. Atualizações e recomendações sobre a COVID-19. Disponível em <https://infectologia.org.br/wp-content/uploads/2020/12/atualizacoes-e-recomendacoes-covid-19.pdf> Acessado em 16 de janeiro de 2022.

Sociedade Brasileira de Infectologia. Orientações sobre Diagnóstico, Tratamento e Isolamento de Paciente com COVID-19. Disponível em <https://infectologia.org.br/wp-content/uploads/2020/07/orientacoes-sobre-diagnostico-tratamento-e-isolamento-de-pacientes-com-covid-19.pdf> Acessado em 19 de janeiro de 2022.

Viva Bem UOL. Isolamento: O que você precisa entender de vez sobre velhas e novas regras. Disponível em <https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/lucia-helena/2022/01/13/isolamento-o-que-voce-precisa-entender-de-vez-sobre-velhas-e-novas-regras.htm> Acessado em 14 de janeiro de 2022

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