Sarampo, catapora e rubéola: conheça os sintomas e as diferenças

Micheli Pecharki | 17 mar 2021

Muitas doenças erradicadas no Brasil têm preocupado a população e os especialistas. O sarampo, por exemplo, considerado erradicado no país desde 2016, ressurgiu: segundo o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, o Brasil registrou casos de sarampo em 21 estados no ano de 2020. Desses, 17 interromperam a cadeia de transmissão do vírus e quatro mantêm o surto: Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Amapá.

No ano de 2021, houve um caso confirmado no Amapá. No Brasil, nos últimos 90 dias (semanas epidemiológicas 43 de 2020 a 1 de 2021) foram notificados 386 casos de sarampo, confirmados 97 (25,1%), descartados 135 (35,0%) e estão em investigação 154 (39,9%) casos.

A melhor forma de combater o sarampo é por meio da vacinação. Existem duas vacinas que oferecem proteção contra essa doença: a tripla e a tetra viral. A vacina tripla viral, além de oferecer proteção contra o sarampo, também previne a rubéola e a caxumba. A vacina tetra viral, além de prevenir todas as infecções citadas, também previne a catapora (varicela).

Muitas pessoas confundem essas doenças, pois todas elas são causadas por vírus e apresentam alguns sintomas semelhantes. Quer saber mais sobre essas infecções? Leia o post a seguir!

O que é o sarampo?

O sarampo é uma doença viral extremamente contagiosa que é disseminada pela via respiratória (espirro ou tosse). Antes mesmo do surgimento dos sintomas, uma pessoa infectada já pode passar a doença para outras pessoas.

Quais são os sintomas do sarampo?

A infecção se inicia no sistema respiratório. O período de incubação (tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas) é de 10 a 12 dias.

Após esse período, os sintomas que se desenvolvem são semelhantes aos de um resfriado comum. Logo, surgem as manchas na pele (erupção macular), que começam na face e se disseminam para o tronco e todo o corpo.

Outros sintomas incluem febre, mal-estar, tosse, perda do apetite, conjuntivite e lesões na cavidade oral. Essas lesões, denominadas manchas de Koplik, são pequenas placas avermelhadas com pontos brancos no centro na mucosa da boca. A presença dessas manchas é um forte indicador da doença.

O sarampo é perigoso?

O sarampo é extremamente perigoso, principalmente para crianças ou pessoas muito idosas. Além dos sintomas citados, também podem surgir outros mais graves como encefalite, otite e pneumonia.

Todos que possuem febre, manchas na pele e tosse, coriza ou conjuntivite, nos locais onde há circulação do Sarampo, devem procurar assistência para investigação.

O que é catapora?

A catapora, também conhecida como varicela, é uma doença que é adquirida pela entrada de um vírus (herpesvírus varicela zoster) no sistema respiratório.

Os primeiros sintomas que surgem são febre, mal-estar, dor de cabeça e cansaço. Em seguida surgem na pele lesões avermelhadas, que mais tarde formam vesículas. Essas vesículas se enchem de pus, se rompem e formam uma crosta antes de cicatrizarem. As lesões são concentradas principalmente no rosto e na garganta, mas também podem ocorrer nos membros e em outras partes do corpo.

A catapora é uma infecção viral altamente contagiosa que causa uma irritação cutânea com bolhas na pele.

A catapora pode ser transmitida pelo contato direto com saliva ou secreções respiratórias da pessoa contaminada e também por contato com o líquido presente no interior das vesículas. Caso a infecção ocorra no início da gestação, pode causar aborto ou comprometer o feto.

O que é rubéola?

Assim como o sarampo e a catapora, a rubéola também é uma doença viral, no entanto, mais leve que o sarampo e passa despercebida frequentemente. Também é caracterizada por manchas vermelhas na pele e febre. A doença é transmitida pela via respiratória e o período de incubação é de 2 a 3 semanas.

Apesar de não ser uma doença grave, a rubéola é perigosa na forma congênita. Doenças congênitas são condições ou doenças que estão presentes desde o nascimento. A rubéola é decorrente da infecção da mãe pelo vírus, que transmite ao bebê. Neste caso, pode deixar seqüelas irreversíveis no feto como: catarata, defeitos cardíacos, retardo no crescimento, entre outras.  Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação é a maneira mais eficaz de prevenir a Síndrome da Rubéola Congênita. Devido a impossibilidade de se realizar a vacina para rubéola durante a gestação, é muito importante que a mulher atualize a carteira vacinal antes de engravidar.

Como prevenir? 

A vacinação é essencial para prevenir o sarampo, a rubéola e a catapora. Conforme vimos, existem 2 tipos de vacinas que protegem o organismo contra essas infecções: a tríplice e a tetra viral. Essas vacinas fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação.

As crianças são o público mais suscetível e devem receber a vacina de acordo com o seguinte esquema de acordo com o Ministério da Saúde:

  • Crianças de 12 meses e menores de 5 anos de idade: uma dose aos 12 meses (tríplice viral) e outra aos 15 meses de idade (tetra viral).
  • Crianças de 5 anos a 9 anos de idade que não foram vacinadas anteriormente: duas doses da vacina tríplice viral com intervalo de 30 dias entre as doses.

Os adultos que não foram vacinados devem receber a vacina de acordo com a faixa etária:

  • Adultos até 29 anos: 2 doses.
  • Adultos entre 30 e 49 anos: 1 dose

Em situação de surto, pode ser recomendada pela vigilância epidemiológica local a revacinação da população, independente das doses já recebidas durante a vida.

A vacinação e a imunidade coletiva 

A vacinação, além de ser importante para a própria pessoa que recebe a vacina, também é importante para a imunidade de rebanho, também conhecida como imunidade coletiva.

A imunidade coletiva é o nome dado à resistência de um grupo à introdução de um agente que causa uma infecção. Essa resistência é baseada na elevada proporção de pessoas imunes entre os membros desse grupo. Desta forma, um indivíduo não vacinado pode não pegar uma determinada infecção caso a maior parte da população tenha sido vacinada contra esse agente infeccioso.

Quando a cobertura vacinal não atinge o percentual esperado, podem ocorrer surtos e as pessoas suscetíveis podem adquirir essas infecções. Pessoas que não vacinam os filhos, arriscam não somente a saúde da própria criança, mas também arriscam a saúde de toda a população. Uma criança bem nutrida pode não sofrer muito com o sarampo, no entanto, torna-se uma fonte de contágio para outras crianças.

Gostou de saber mais sobre essas doenças e a importância da vacinação? Aproveite para conhecer o nosso blog! 

Referências Bibliográficas:

Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico 04. Volume 52. Fev. 2021. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/fevereiro/11/boletim_epidemiologico_svs_4.pdf>. Acesso em: 17 de março de 2021.

Ministério da Saúde. Ministério da Saúde atualiza casos de sarampo. Disponível em:

<http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/43986-ministerio-da-saude-reforca-a-importancia-da-vacinacao-diante-de-mais-de-mil-casos-de-sarampo-no-brasil>. Acesso em: 14 de agosto de 2018.

Ministério da Saúde. Síndrome da Rubéola Congênita. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/sindrome-da-rubeola-congenita>. Acesso em: 14 de agosto de 2018.

Saúde e Cidadania. Vigilância em Saúde Pública. Disponível em: <http://portalses.saude.sc.gov.br/arquivos/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_07/05_02_03.html>. Acesso em: 14 de abril de 2018.

TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

Micheli Pecharki

Micheli Pecharki

Micheli é Bióloga. Acredita que transformar o conhecimento técnico em algo acessível é essencial para que as pessoas saibam como cuidar mais da própria saúde e vivam, assim, com mais qualidade de vida.

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