Hilab | 27 nov 2024
Em 2024, houve um aumento significativo no número de casos de dengue no país em relação ao ano anterior, chegando a 400% segundo o Ministério da Saúde. Até 19 de novembro de 2024, foram 6.571.802 notificações de prováveis infectados. Um cenário complicado considerando as grandes mudanças climáticas e a circulação de outros vírus, como o coronavírus, visto que ambas doenças têm sintomas parecidos e muitas pessoas têm dificuldade de saber as diferenças entre dengue e COVID-19.
Confira neste post as principais diferenças entre as doenças, como elas são transmitidas, formas de prevenção e ainda, se é possível a co-infecção entre elas.
Alguns sintomas da dengue e da COVID-19 podem se sobrepor, como febre, dor de cabeça e dores no corpo, o que pode levar a confusões no diagnóstico. Em certos casos, pacientes inicialmente diagnosticados com dengue podem posteriormente ser confirmados com COVID-19. Além disso, é possível ocorrer co-infecção, onde os dois vírus infectam uma mesma pessoa.
A COVID-19 é uma doença respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2. Pessoas infectadas geralmente apresentam febre, cansaço e tosse seca. Outros sintomas comuns incluem perda de olfato e paladar, dor de garganta e dificuldade para respirar. Embora a maioria apresente sintomas leves, a infecção pode evoluir para quadros mais graves, com pneumonia e síndrome respiratória aguda grave.
Por outro lado, a dengue é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado. Os sintomas clássicos incluem febre alta de início súbito, dor de cabeça intensa (especialmente atrás dos olhos), dores musculares e articulares severas (daí o termo “febre quebra-ossos”), erupções cutâneas avermelhadas pelo corpo (exantema) e sintomas gastrointestinais como náuseas e vômitos. Em alguns casos, ocorre uma diminuição significativa no número de plaquetas no sangue (trombocitopenia), levando a sangramentos que caracterizam a forma grave da dengue.
Embora as duas doenças possam causar febre, dor de cabeça e dores no corpo, os sintomas respiratórios, como tosse seca e dificuldade para respirar, são mais característicos da COVID-19. Além disso, a perda de olfato e paladar é um sintoma distintivo frequentemente associado à COVID-19. Na dengue, as dores musculares e articulares são geralmente mais intensas, e a presença de erupções cutâneas e sintomas hemorrágicos é mais comum.
É importante notar que os sintomas podem variar entre os indivíduos, e a sobreposição clínica pode dificultar o diagnóstico apenas com base nos sinais apresentados. Por isso, exames laboratoriais específicos são essenciais para confirmar o diagnóstico. No caso da COVID-19, o exame de antígeno detecta a presença do SARS-CoV-2. Para a dengue, os testes sorológicos e a detecção do antígeno NS1 são utilizados para identificar o vírus da dengue.
Diante de sintomas sugestivos de qualquer uma dessas doenças, é fundamental procurar atendimento médico para avaliação e realização dos exames necessários. O diagnóstico precoce é crucial para o manejo adequado e para a prevenção de possíveis complicações.
Confira o quadro abaixo com os sintomas de cada doença:
Sintoma | COVID-19 | Dengue |
Febre | Moderada (37,8°C a 38,5°C) | Alta, súbita e frequentemente acima de 39°C |
Dor de Cabeça | Intensidade variável | Intensa e frequentemente atrás dos olhos |
Dor Muscular e Articular | Leve a moderada | Intensa |
Fadiga | Comum | Comum |
Tosse | Seca | Rara |
Dor de Garganta | Comum | Rara |
Coriza | Comum | Rara |
Dificuldade Respiratória | Presente em casos moderados e graves | Rara |
Perda de Paladar/Olfato | Comum | Rara |
Erupções Cutâneas | Rara | Erupção cutânea avermelhada |
Náuseas/Vômitos | Pode ocorrer | Comum |
Dor Abdominal | Pode ocorrer | Comum |
Sangramento | Raro | Presente em casos moderados e graves |
Conjuntivite | Pode ocorrer | Pode ocorrer |
A COVID-19 e a dengue são doenças virais, porém provocadas por vírus diferentes, com comportamentos distintos. Confira como cada uma delas ocorre:
Transmissão da COVID-19
A COVID-19, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, é transmitida principalmente de pessoa para pessoa por meio de gotículas respiratórias expelidas quando uma pessoa infectada tem tosse, espirra, fala ou mesmo respira. Essas gotículas podem atingir a boca, o nariz ou os olhos de pessoas próximas, ou depositar-se em superfícies e objetos. Além disso, em ambientes fechados e mal ventilados, partículas menores chamadas aerossóis podem permanecer suspensas no ar por períodos prolongados, aumentando o risco de transmissão aérea. Embora a transmissão por superfícies contaminadas, conhecida como fomite, não seja a principal via de disseminação, ainda é possível contrair o vírus ao tocar em objetos ou superfícies contaminadas e levar as mãos às mucosas dos olhos, nariz ou boca, que são as portas de entrada.
Diversos fatores influenciam a transmissão da COVID-19, incluindo a proximidade e a duração do contato entre as pessoas, sendo que contatos próximos e prolongados aumentam significativamente o risco de transmissão. Ambientes fechados e com pouca circulação de ar também facilitam a concentração de partículas virais, tornando esses locais propícios para a disseminação do vírus. Além disso, tossir ou espirrar sem a devida cobertura, o não uso de máscaras e a higiene inadequada das mãos, contribuem para a propagação da doença.
A transmissão da COVID-19 pode ocorrer mesmo antes do aparecimento dos sintomas, em um período conhecido como fase pré-sintomática, geralmente de 1 a 3 dias antes do início dos sintomas. Também existem indivíduos assintomáticos, que são infectados pelo vírus mas nunca desenvolvem sintomas, e que ainda assim podem transmitir a doença, embora a extensão e o impacto dessa transmissão sejam menos claros.
Transmissão da Dengue
A dengue é uma doença viral transmitida ao ser humano exclusivamente pela picada do mosquito fêmea infectado do gênero Aedes, principalmente Aedes aegypti e, em menor grau, Aedes albopictus. Diferentemente da COVID-19, a dengue não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa. O mosquito atua como vetor necessário para a propagação do vírus.
O ciclo de transmissão da dengue inicia-se quando uma fêmea do mosquito Aedes pica uma pessoa que está infectada com o vírus da dengue. Durante a alimentação sanguínea, o mosquito ingere o vírus presente no sangue dessa pessoa. O vírus então passa por um período de incubação dentro do mosquito, conhecido como período de incubação extrínseca, que dura aproximadamente de 8 a 12 dias, dependendo de fatores ambientais como a temperatura. Durante esse período, o vírus se replica e atinge as glândulas salivares. A partir desse momento, o mosquito torna-se capaz de transmitir o vírus para outras pessoas.
Quando o mosquito infectado pica uma pessoa saudável, o vírus é injetado na corrente sanguínea por meio da saliva do mosquito, que contém anticoagulantes para facilitar a sucção do sangue. As partículas virais introduzidas iniciam a infecção no hospedeiro humano, que pode desenvolver os sintomas da doença após um período de incubação que varia de 4 a 10 dias.
É importante destacar que o mosquito Aedes aegypti tem hábitos diurnos, com picos de atividade no início da manhã e no final da tarde. Ele se reproduz em ambientes urbanos, depositando seus ovos em recipientes com água parada, como pneus, vasos de plantas, caixas d’água destampadas e outros objetos que possam acumular água.
A principal forma de proteção contra a COVID-19 é a vacinação com as vacinas aprovadas contra o coronavírus SARS-CoV-2. A vacinação não apenas reduz significativamente o risco de infecção, mas também minimiza a gravidade dos sintomas e a probabilidade de complicações graves. Além da vacinação, é essencial continuar adotando medidas não farmacológicas para controlar a disseminação do vírus. A higienização frequente das mãos com água e sabão ou com álcool em gel a 70% é fundamental para eliminar partículas virais que possam estar nas mãos. O uso de máscaras faciais, especialmente em ambientes fechados e com grande circulação de pessoas, atua como uma barreira eficaz contra as gotículas respiratórias que transportam o vírus. Em situações de alta transmissão comunitária ou em casos de exposição confirmada, o isolamento social pode ser necessário para prevenir a propagação da doença.
Paralelamente, a prevenção da dengue requer o controle rigoroso da população do mosquito vetor Aedes aegypti, que é responsável pela transmissão do vírus da dengue. O Aedes aegypti prolifera em ambientes onde há acúmulo de água parada, mesmo em pequenas quantidades. Portanto, é crucial eliminar ou tratar quaisquer locais que possam servir de criadouro para o mosquito. Medidas preventivas incluem fechar adequadamente caixas d’água para evitar que o mosquito tenha acesso à água. Evitar o acúmulo de água em lajes e locais elevados, manter os lixos sempre fechados para impedir que se tornem depósitos de água e resíduos, e utilizar areia nos vasos de plantas para dificultar a criação de larvas de mosquito são ações eficazes.
Além disso, é importante posicionar recipientes como garrafas e potes de cabeça para baixo, garantindo que não acumulem água. Manter lonas e plásticos sempre esticados evita que se formem poças de água, e a retirada completa da água dos pneus usados elimina um dos principais locais de reprodução do mosquito. Para prevenir o contato com mosquitos infectados, o uso de repelentes cutâneos e de ambientes é recomendado, especialmente em períodos de maior atividade do Aedes aegypti. A aplicação de inseticidas de forma criteriosa pode ajudar a reduzir a população de mosquitos. A instalação de telas de proteção em janelas e portas impede a entrada de mosquitos nas residências, oferecendo uma barreira física adicional.
Sim, é possível!
Essa condição é perigosa, pois ela pode agravar o quadro sintomático do paciente e dificultar o diagnóstico, por isso, é importante reforçar todos os cuidados de prevenção que citamos anteriormente, evitando a transmissão dessas doenças.
Ao identificar os primeiros sintomas faça um exame de COVID-19 Antígeno ou, no caso de suspeita de dengue, faça um exame Dengue NS1. Caso os sintomas persistam, busque um médico.
Agora que você sabe a diferença entre o coronavírus e a dengue, aproveite para ler sobre outros assuntos de saúde no nosso blog!
Referências Bibliográficas:
CONASS. Painel Conass Covid-19. Disponível em: <https://cieges.conass.org.br/paineis> Acesso em:25/11/2024
Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aedes-aegypti/monitoramento-das-arboviroses> Acesso em:25/11/2024
Tang G, Liu Z, Chen D. Human coronaviruses: Origin, host and receptor. J Clin Virol. 2022 Oct;155:105246. doi: 10.1016/j.jcv.2022.105246. Epub 2022 Jul 21. PMID: 35930858; PMCID: PMC9301904.
Roy SK, Bhattacharjee S. Dengue virus: epidemiology, biology, and disease aetiology. Can J Microbiol. 2021 Oct;67(10):687-702. doi: 10.1139/cjm-2020-0572. Epub 2021 Sep 3. PMID: 34171205.
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