Prevenção combinada do HIV: saiba como se proteger da IST

Micheli Pecharki | 24 nov 2020

Para prevenir a infecção pelo HIV, é essencial adotar algumas medidas.

A estratégia, denominada “prevenção combinada”, envolve a associação de diferentes métodos, de acordo com a situação, riscos e escolhas. Leia o artigo a seguir e conheça cada um deles.

1. Testagem regular para HIV e outras ISTs

É importante realizar teste para detectar o HIV e outras ISTs regularmente.

A testagem pode ser feita gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por ONGs especializadas em HIV, laboratórios, ou por meio de testes rápidos, que são vendidos em farmácias.

Procure um profissional de saúde e informe-se sobre o tratamento e as maneiras de prevenir o HIV.

2. Profilaxia Pós-Exposição (PEP)

A profilaxia (prevenção) pós-exposição está relacionada à utilização da medicação antirretroviral após uma situação de risco de contato com o HIV.

Esse tratamento age impedindo que o vírus se estabeleça no organismo e deve ser iniciado o mais rápido possível após o contato (em no máximo 72 horas).

O tratamento é mais eficaz quando iniciado 2 horas após a exposição e deve ser utilizado por 28 dias. Mulheres também podem pedir a pílula anticoncepcional de emergência, para evitar a gravidez indesejada.

No caso de um possível contato com o HIV, seja nos casos de profissionais de saúde que se acidentam com objetos cortantes contaminados ou de violência sexual, busque, o quanto antes, um serviço de saúde.

3. Profilaxia Pré-Exposição (PREP)

A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV é um método novo de prevenção à infecção pelo HIV e consiste em ingerir diariamente um comprimido que impede que o vírus infecte o organismo, antes mesmo de a pessoa ter contato com ele.

Com o medicamento circulando no sangue, o vírus não consegue se estabelecer no organismo. A PrEP é indicada para pessoas que tenham maior chance de entrar em contato com o HIV.

Uma pessoa deve considerar esse tratamento se fizer parte das populações- chave: gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans e trabalhadores(as) do sexo; ou se deixa de usar a camisinha com frequência, tanto em relações anais quanto em relações vaginais; tem relações sexuais sem camisinha com alguém que seja HIV positivo e não esteja em tratamento; faz uso repetido de PEP; apresenta episódios frequentes de ISTs.

Importante ressaltar que, embora a PrEP tenha poucos efeitos colaterais e possa ter uma eficácia próxima a 100%, ela deve complementar – e não substituir – as outras formas de prevenção, como os preservativos.

Abandonar os preservativos, além de aumentar o risco de transmissão do HIV, também aumenta o risco de transmissão de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis como gonorreia, sífilis, clamídia, entre outras.

Para saber se você tem indicação de PrEP, procure uma Unidade Básica de Saúde.

4. Prevenção do HIV: Transmissão Vertical

O vírus também pode ser transmitido da mãe para o filho durante a gravidez, trabalho de parto e parto propriamente dito ou durante a amamentação.

Por este motivo, toda mulher grávida deve realizar o teste para o HIV. Se o diagnóstico for positivo, a gestante deve receber um tratamento, geralmente com base em medicamentos antirretrovirais.

Além disso, o recém-nascido também deverá tomar a medicação nas seis primeiras semanas de vida e a amamentação deve ser substituída por leite artificial ou leite materno processado em bancos de leite.

Mães que vivem com o HIV e seguem o tratamento recomendado durante o pré-natal, parto e pós-parto, têm 99% de chance de terem filhos sem o HIV.

5. Imunizar para HBV e HPV

Pessoas que vivem com HIV, coinfectadas pelo vírus da hepatite B (HBV), têm uma chance maior de desenvolver cirrose e câncer do fígado, quando comparadas com a população que não tem o vírus HIV.

No caso do HPV, a infecção aumenta o risco de transmissão do HIV, tanto para homens quanto para mulheres.

6. Redução de danos

A redução de danos visa reduzir as consequências prejudiciais relacionadas ao uso de substâncias psicoativas sobre a saúde.

Trata-se de um pacote de políticas que inclui ações como testagem e aconselhamento em HIV; diagnóstico; tratamento e vacinação contra hepatites, programas de substituição de seringas e agulhas.

7. Tratamento de IST e Hepatites Virais

O tratamento das pessoas com IST’s e Hepatites Virais é importante para interromper a cadeia de transmissão desses micro-organismos além de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

8. Preservativos e gel lubrificante

A camisinha é o método de prevenção mais conhecido, além de ser uma ferramenta com um bom custo-benefício por evitar a gravidez indesejada e prevenir outras infecções sexualmente transmissíveis.

O preservativo pode ser associado ao gel lubrificante (à base de água). O gel diminui o atrito e assim a possibilidade de microlesões nas mucosas genitais e anais, que funcionam como porta de entrada para o HIV.

9. Tratar todas as pessoas vivendo com HIV

No Brasil, todas as pessoas diagnosticadas com o HIV têm o direito de receber o tratamento antirretroviral (TARV) gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O tratamento, além de contribuir para a melhoria da qualidade de vida da pessoa que vive com o HIV, reduz a transmissão do vírus, diminui as complicações relacionadas à infecção pelo HIV e diminui a mortalidade.

Os medicamentos antirretrovirais reduzem a quantidade de vírus circulante no organismo da pessoa que vive com HIV, fazendo com que ela alcance a “carga viral indetectável”. A pessoa que atinge a carga viral indetectável tem uma chance insignificante de transmitir o vírus para outra pessoa em relações sexuais desprotegidas.

Além disso, a adesão ao tratamento, ou seja, o uso regular e correto da medicação, reduz o número de infecções por doenças oportunistas.

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Referências bibliográficas

Ministério da Saúde. Aconselhamento em DST/HIV/Aids para a Atenção Básica. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_simplificado.pdf>. Acesso em: 08 de outubro de 2019.

Ministério da Saúde. Manual Técnico Para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV. 3 ed. Brasília/ DF, 2016.

Micheli Pecharki

Micheli Pecharki

Micheli é Bióloga. Acredita que transformar o conhecimento técnico em algo acessível é essencial para que as pessoas saibam como cuidar mais da própria saúde e vivam, assim, com mais qualidade de vida.

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