Hilab | 23 ago 2021
Um constante perigo para toda a população brasileira, principalmente nos verões e temporadas de chuva, é a presença dos mosquitos Aedes aegypti, que ficou conhecido por transmitir a dengue, mas que transmite outras doenças igualmente perigosas, como zika e chikungunya. A boa notícia é que já existe a vacina para a dengue e, agora, o Instituto Butantan está animado com os resultados obtidos pela vacina chikungunya.
Neste artigo, vamos saber mais sobre o estudo e o ensaio clínico que levaram à produção do imunizante, que sem dúvida vai ajudar a população brasileira, especialmente as pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social e não têm acesso ao saneamento básico.
A vacina chikungunya está sendo desenvolvida pela companhia farmacêutica francesa Valneva, em parceria com o Instituto Butantan. O desenvolvimento da vacina, nomeada VLA1553 já está na fase 3 de seu ensaio clínico, e é a única vacina contra a chikungunya de todo o mundo que está tão adiantada em sua testagem.
Durante a Fase 1, os estudos contaram com 120 voluntários, que receberam doses da vacina a fim de testar sua eficácia. Foi comprovado clinicamente que houve 100% de soroconversão (produção de anticorpos) apenas 28 dias após a administração da vacina. Além disso, os anticorpos ainda estavam presentes no organismo dos pacientes 1 ano após a administração da vacina. Com este resultado promissor, a Valneva avançou o desenvolvimento diretamente para a Fase 3.
Na fase 3, 4115 participantes, residentes dos Estados Unidos com mais de 18 anos receberam, de forma aleatória, o imunizante ou um placebo, que é um falso imunizante. O objetivo dessa fase é verificar a imunogenicidade (capacidade de gerar resposta imune) e efeitos adversos em pacientes. Desse total, 3082 pacientes demonstraram boa tolerância às reações que podem ser causadas pela vacina.
Estima-se que a produção da vacina chikungunya no mercado global atinja um valor acima de 500 milhões de dólares anuais por volta de 2032. Para permitir o acesso à vacina em países pobres, a Valneva firmou um acordo com o Instituto Butantan para o desenvolvimento, fabricação e comercialização da vacina, de forma a torná-la acessível para pessoas em situação precária.
Juan Carlos Jaramillo, Diretor Médico da Valneva, agradeceu a todos os que participaram e estão participando do desenvolvimento do imunizante. Ainda há trabalho pela frente, embora a vacina esteja nas últimas etapas de testagem. Os resultados finais deverão ficar prontos daqui a seis meses. Assim que todos os dados clínicos de atuação e eficiência da vacina forem consolidados, a Valneva e o Instituto Butantan poderão trabalhar ativamente no desenvolvimento e distribuição da vacina chikungunya.
A vacina VLA1553 é administrada em dose única. Ela age diretamente contra a doença, “deletando” parte do genoma do vírus causador da chikungunya, dessa forma eliminando-o. Como o vírus possui alta transmissibilidade graças à proliferação de mosquitos, a vacina tem um enorme potencial em não apenas proteger pacientes, como combater a disseminação da doença em si.
Nos ensaios clínicos de fase 3 da vacina, graças aos promissores resultados já mencionados, foram verificadas altas taxas de geração de anticorpos, com 98,5% de eficácia. Além disso, os ensaios ajudaram a monitorar possíveis reações adversas da administração do imunizante.
Entre os efeitos adversos, 50% dos participantes demonstraram casos leves a moderados de dores de cabeça, fadiga ou dor muscular. Apenas 1,6% dos participantes desenvolveram reações severas (porém não preocupantes) como febre. Todos esses efeitos se dissiparam naturalmente entre um a três dias após a aplicação da vacina.
A chikungunya é uma doença viral cuja contaminação se dá pela picada de um mosquito – no caso, o Aedes aegypti. A doença foi descoberta na Tanzânia, África, na década de 1950, e foi identificada no Brasil pela primeira vez no ano de 2014.
Os sintomas da doença aparecem entre 2 a 12 dias após a picada do mosquito. Entre os mais comuns, temos febre alta, dores intensas nas articulações das mãos, pés, dedos, pulsos e tornozelos; dores de cabeça, dor muscular e manchas vermelhas na pele.
Embora a taxa de mortalidade da doença seja baixa, ela pode ser letal em pacientes com comorbidades, como pessoas com doenças cardiovasculares ou com diabetes, idosos, crianças e gestantes. Além disso, a doença também pode atingir o feto dentro do ventre de mulheres grávidas, que forem picadas pelo mosquito transmissor.
A chikungunya está presente em mais de 100 países ao redor do mundo, com mais de 3 milhões de casos registrados só no ano de 2020, principalmente em países de climas tropicais e quentes, como as Américas, países africanos e o sudeste asiático. No Brasil, a região Nordeste é a mais afetada: ainda nem estamos na primavera, mas os casos por lá já estão crescendo de maneira alarmante.
O impacto da doença nos sistemas de saúde pública é enorme, principalmente pela atual inexistência de vacinas. Por conta disso, não há forma eficaz de prevenir a chikungunya, fora os cuidados para evitar a proliferação de mosquitos – repelentes e eliminação dos focos de água parada, que são onde o mosquito coloca seus ovos.
O mosquito Aedes aegypti é transmissor da chikungunya, da dengue e do vírus zika. Essas doenças são conhecidas como “arboviroses”. Uma arbovirose é uma doença causada por um arbovírus, que é um vírus transmitido por artrópodes, ou seja, por insetos e aracnídeos (mosquitos, aranhas, carrapatos, etc).
A arbovirose mais conhecida no mundo é a dengue. A doença possui duas versões, a dengue clássica e a dengue grave (anteriormente chamada de dengue hemorrágica). Os sintomas da dengue são variados, mas uma pessoa infectada pode não apresentar todos eles, e em casos raros, ser assintomática. Entre os sintomas mais comuns estão: febre alta, náuseas e vômito, dor de cabeça e no fundo dos olhos, manchas vermelhas na pele (principalmente nos braços e tórax), mal-estar, cansaço, e dores corporais (abdômen, ossos e articulações).
A dengue grave possui todos os sintomas da versão clássica, mas também traz perigosos sintomas que podem levar o infectado a óbito: sangramentos nasais, nas gengivas e olhos, vômito persistente, sangue na urina, olhos avermelhados, agitação, sonolência e confusão mental. Essa versão da doença pode se manifestar em cerca de 3 dias após os sintomas clássicos. A dengue grave tem mais chances de ocorrer em pacientes que já foram contaminados pela dengue previamente.
Já o vírus zika causa uma doença com baixa taxa de letalidade em adultos. No entanto, é extremamente perigosa para gestantes, devido aos riscos para o feto. Os sintomas da doença são: manchas vermelhas e coceira pelo corpo, febre baixa, conjuntivite (irritação e olhos avermelhados), dores de cabeça, nos músculos e nas articulações. Os sintomas duram de 3 a 7 dias e, na maioria dos casos, os pacientes são assintomáticos.
Se uma mulher grávida é picada pelo mosquito, principalmente durante os três primeiros meses de gestação, o feto pode ser acometido pela síndrome congênita, que causa diversas infecções e malformações no sistema nervoso do bebê em desenvolvimento, causando, entre outros problemas, a microcefalia.
Além da vacina chikungunya, existe uma vacina contra a dengue disponível no Brasil. Porém, essa vacina só está disponível em redes privadas de saúde até o momento, além de possuir restrições para quem pode tomá-la.
Chamado de Dengvaxia, o imunizante é produzido pelo laboratório Sanofi-Pasteur, sendo a única vacina contra a doença existente no mundo até o momento – mas o Instituto Butantan já está estudando a produção de uma alternativa. Um dos fatores limitantes da Dengvaxia é que ela só pode ser administrada em pessoas que já foram infectadas previamente pela dengue. Logo, para se vacinar, um paciente precisa realizar um exame sorológico para identificar anticorpos naturais contra a doença. O exame, além de ser encontrado em laboratórios convencionais, pode ser feito em farmácias, clínicas e consultórios que disponibilizam Testes Laboratoriais Remotos, que são exames realizados com o auxílio de tecnologias que entregam um resultado em poucos minutos.
A vacina não deve ser aplicada em pessoas que nunca tiveram contato com a doença por conta de um severo efeito adverso, chamado Antibody-Dependent-Enhancement (ADE), que traduzido significa algo como “amplificação da doença causada por anticorpos”.
A ADE é um efeito que, ao invés de proteger o paciente de ser infectado, potencializa os efeitos da doença em caso de infecção após a vacina. Ou seja, um paciente já imunizado poderia ter um caso muito mais grave de dengue, caso fosse picado pelo mosquito posteriormente, tendo inclusive mais chances de desenvolver um quadro de dengue grave. Isso torna a vacina, apesar de funcional, inviável para a população em geral.
O Instituto Butantan, localizado na cidade de São Paulo, é o principal produtor de imunobiológicos no Brasil, sendo o grande responsável pela produção de insumos de saúde e pesquisas relacionadas a infecções e doenças, como criação de vacinas, soros e biofármacos.
Fundado em 1901, o Instituto trabalha em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Unicef em pesquisas e missões científicas ao redor do país e do mundo, trabalhando para o bem da saúde global. Além dosso, o Instituto Butantan também é responsável por capacitar, treinar e graduar profissionais para diferentes áreas de saúde, graças a sua robusta estrutura de pesquisas e ensino.
A Hilab é pioneira em soluções tecnológicas e Testes Laboratoriais Remotos (TLRs) no Brasil. Nossos dispositivos inteligentes são capazes de realizar mais de 20 tipos de exames diferentes, incluindo exames para identificação do antígeno e anticorpos produzidos por infecção pelo vírus da dengue.
Nossa exclusiva metodologia de dupla verificação garante muito mais confiabilidade aos exames. A amostra coletada é primeiro analisada por uma inteligência artificial, em seguida, é digitalizada e enviada pela internet ao nosso laboratório remoto, onde um de nossos especialistas valida os resultados e emite um laudo assinado, que chega em questão de minutos ao e-mail ou celular do paciente.
Facilitar o acesso a exames laboratoriais é uma maneira eficaz de monitorar o avanço de doenças e prevenir epidemias. Com um TLR instalado em farmácias, ou podendo ser levado até zonas rurais e áreas remotas, mais pessoas podem cuidar da saúde com segurança e agilidade. Fale conosco se quiser levar este benefício aos seus pacientes.
Somos especialistas em Point-of-Care Testing. Criamos dispositivos para exames PoCT, realizados com apenas algumas gotas de sangue e resultados entregues em poucos minutos. Nosso propósito é democratizar o acesso à saúde.
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