Hilab | 28 dez 2021
A mente humana é de uma complexidade tão grande que nem a própria ciência conseguiu decifrá-la. Nossa mente é afetada pelas mais variadas causas: relacionamentos, vida social, problemas familiares, tensão emocional e também por problemas no trabalho, que podem originar a Síndrome de Burnout. Mas afinal de contas, o que é burnout?
No contexto atual de nossas vidas, essa é uma condição que ganhou muita visibilidade e importância. Tanto é que a Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou o Burnout como doença mental relacionada ao trabalho, com sua classificação passando a valer a partir do dia 1º de janeiro de 2022.
Vamos conversar um pouco sobre isso e entender o que é burnout, seus sintomas e como evitá-la.
A Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico também conhecido como Síndrome do Esgotamento Profissional. Trata-se de uma forte estafa mental e física sofrida por profissionais em seus ambientes de trabalho por conta de diversos fatores, em especial pressão e cobranças constantes, altos níveis de estresse e muita carga de trabalho.
O Burnout é definido, segundo uma perspectiva sócio-psicológica, como tendo três dimensões: exaustão emocional, marcada por falta de energia e entusiasmo; despersonalização, em que um trabalhador trata colegas e clientes como objetos; e diminuição da realização pessoal no trabalho, com o trabalhador sentindo-se infeliz com seus próprios esforços.
As causas da Síndrome de Burnout normalmente estão relacionadas a diversos tipos de pressões acumuladas em um ambiente profissional, como exigências muito altas e muito constantes de chefes e colegas de trabalho, acúmulo de funções, competitividade excessiva, excesso de trabalho – com longas horas de serviço ou excesso de turnos, etc. Trata-se de uma combinação de muito trabalho, pressão e outros fatores como baixa remuneração, insalubridade, falta de reconhecimento, entre outros.
As classes profissionais mais propensas a sofrerem de Burnout são aquelas com muitas exigências, como por exemplo médicos, enfermeiros, professores, policiais e jornalistas. Durante a pandemia do coronavírus, os casos de Burnout cresceram enormemente por conta da pressão emocional do momento em si, aliada ao distanciamento social, ao medo de contaminarmos nossos entes queridos, às jornadas mais longas de home office – algo que era novidade para muita gente -, à situação econômica complicada do país, etc.
A Síndrome de Burnout possui muitos sintomas, que surgem de forma leve mas podem evoluir de forma muito intensa com o tempo. Uma pessoa que sofre de Burnout pode sentir apenas alguns dos sintomas listados a seguir e pode acabar interpretando-os como apenas cansaço. É preciso ficar atento se mais sinais surgirem, ou se os sintomas presentes piorarem com o tempo.
Os principais sintomas da Síndrome de Burnout são:
É muito comum que pessoas confundam o Burnout com estresse, por serem condições similares e que compartilham alguns sintomas, mas é importante destacar que Burnout e estresse não são a mesma coisa.
Burnout é uma síndrome psicológica relacionada ao trabalho. Já o estresse é uma resposta do corpo para diversas situações do cotidiano, como por exemplo medo ou situações extremas. O estresse é uma resposta fisiológica causada por alterações químicas no corpo, podendo resultar em irritação na pele, dores, formigamentos, perda de cabelo, além de sintomas psicológicos como ansiedade e depressão.
A diferença fundamental entre o que é estresse e o que é burnout está no fato de que o estresse pode ser causado por inúmeros fatores, enquanto a Síndrome de Burnout é relacionada diretamente ao trabalho.
Não há um tempo definido para a duração do Burnout, pois essa condição está diretamente relacionada às condições de trabalho do indivíduo. Apenas tratando o problema em sua fonte, e empregando mudanças significativas, é que será possível ver uma real melhora no quadro de Burnout.
Dessa forma, a Síndrome de Burnout pode ser identificada por situações extremas de trabalho que se manifestam de maneira lenta ou rápida, dependendo do paciente. Por exemplo, situações muito estressantes e com muita cobrança e pressão podem esgotar mentalmente uma pessoa em poucos dias, ou também pode levar meses. Tudo depende da condição mental da pessoa e do grau de intensidade das cobranças e do estresse a que ela é submetida.
Quando uma pessoa está com Burnout, a tendência é que essa condição continue piorando conforme o ambiente de trabalho continua sendo mentalmente nocivo. Tudo dependerá do tratamento e das ações da própria pessoa que sofre de Burnout para que ela possa sentir-se bem e viver de forma saudável.
O diagnóstico de Burnout é feito por psicólogos e psiquiatras, que farão uma avaliação clínica do paciente, principalmente em relação a seu trabalho. A identificação do Burnout é difícil de ser feita no dia a dia, pois quem está sofrendo dela pode achar se tratar apenas de cansaço ou esgotamento emocional. Por isso, é importante que pessoas próximas, como amigos e familiares, prestem atenção aos sintomas que surgirem, aconselhando a pessoa infligida a procurar ajuda caso seu quadro pareça ser mais do que apenas cansaço.
Por conta disso, não é incomum que apenas se identifique o Burnout em pessoas que estão vivendo com casos avançados da Síndrome, quando o impacto no corpo e na mente são muito grandes e perceptíveis.
O tratamento da Síndrome de Burnout é feito através de acompanhamento psicológico, através de sessões usadas para descobrir as reais causas para o surgimento da síndrome, para que então ela possa ser tratada da maneira certa.
Entendendo as causas, é possível trabalhá-las durante o cotidiano para que o trabalhador tenha uma melhor qualidade de vida, inclusive no ambiente de trabalho. Uma das principais recomendações para o tratamento do Burnout é praticar alguma atividade física: isso ajuda a aliviar o estresse acumulado, além de controlar os sintomas da síndrome.
Uma outra recomendação de tratamento é que o trabalhador tire férias e passe mais tempo com seus amigos e familiares. Lembrando que, a partir do ano que vem, Burnout será mundialmente considerada uma doença proveniente do trabalho.
Em casos mais severos, o tratamento é feito com o auxílio de medicações, como antidepressivos, para ajudar a pessoa a controlar os sintomas e sentir-se bem. No entanto, o tratamento não possui um prazo para ser concluído. Tudo dependerá do próprio paciente, em o quanto ele progride com o tratamento e o quanto consegue tomar atitudes que melhorem sua vida, dentro e fora do trabalho.
Agora que entendemos o que é Burnout, chegou a hora de discutirmos como evitar a Síndrome do Esgotamento Profissional. Esta é uma tarefa que depende inteiramente do trabalhador, que deve ser capaz de cuidar de si mesmo e controlar como lida com seu trabalho, de forma a diminuir o estresse e pressão ao máximo, o que para muitas pessoas não é uma tarefa fácil.
A melhor forma de evitar o Burnout é buscar levar uma vida saudável, física e mental. Ter um tempo só para você fora do horário de trabalho, não ficar próximo de colegas de trabalho negativos ou tóxicos (se puder) e não impor sobre si mesmo metas muito grandes de se alcançar, evitando frustrações desnecessárias que podem tirar o mérito de seus progressos diários. Além disso, praticar atividades físicas e descansar plenamente, tendo ao menos oito horas de sono por dia, são hábitos que contribuem muito com a saúde mental.
Saber o que é Burnout já é um primeiro passo importante na busca pela prevenção do problema. É muito importante que o indivíduo saiba fazer uma autoavaliação de como lida com sua vida profissional, e o que ela pode fazer para melhorar o seu ambiente de trabalho.
Saúde e qualidade de vida são conceitos que não envolvem somente nosso corpo: nossa mente precisa de cuidados constantes, pois é a união de corpo e mente juntos que compõem quem nós somos. Quando a mente está ruim, o corpo sofre, e vice-versa.
Como vimos, a Síndrome de Burnout pode causar problemas físicos em uma pessoa. E não apenas o Burnout, mas estresse, ansiedade e depressão afetam diretamente nosso corpo de diferentes maneiras, alterando nosso apetite, afetando a pele, o estômago e podendo causar dores em diversas partes do corpo. O Burnout também pode dar origem a problemas cardiovasculares, que se não tratados de forma correta, podem se tornar muito perigosos com o passar do tempo.
Se você estiver sentindo os sintomas aqui listados, o ideal é procurar auxílio para saber se você está sofrendo de estresse, ou mesmo de Burnout. A Síndrome do Esgotamento Profissional é uma realidade que muitos ainda desconhecem, mas que é mais comum do que a gente imagina, principalmente nestes tempos de pandemia. Por isso, cuide do corpo, mas nunca negligencie os cuidados com a mente.
HCOR. Síndrome de Burnout: O que é, sintomas e como tratar. Disponível em <https://www.hcor.com.br/hcor-explica/outras/sindrome-de-burnout/#:~:text=A%20S%C3%ADndrome%20de%20Burnout,%20tamb%C3%A9m,at%C3%A9%20mesmo%20excesso%20de%20competitividade.>. Acessado em 21 de dezembro de 2021.
Scielo – Maria Sandra Carlotto. Síndrome de Burnout e o Trabalho Docente. Disponível em <https://www.scielo.br/j/pe/a/hfg8JKJTYFpgCNgqLHS3ppm/?format=pdf&lang=pt>. Acessado em 22 de dezembro de 2021.
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