Hilab | 19 nov 2021
As doenças cardiovasculares estão matando mais gente do que nunca. Dados da Organização da Saúde (OMS) apontam que de 2000 até 2019, o número de óbitos saltou de 2 milhões para 9 milhões em todo o mundo.
No Brasil, os números do infarto também são alarmantes: estimativas do Ministério da Saúde contabilizam cerca de 300 mil casos de Infarto Agudo do Miocárdio – uma das doenças do coração mais comuns – todos os anos em nosso país. Em pelo menos 30% dos casos (90 mil pessoas), o problema é fatal.
Neste artigo, vamos entender melhor as causas e sintomas de infarto em homens e mulheres.
Popularmente chamado de “ataque do coração”, o infarto agudo do miocárdio acontece quando um coágulo bloqueia o fluxo de sangue da artéria coronária, impedindo que o fluxo sanguíneo chegue até lá. Com isso, aquela área do coração sofre um processo de morte celular e necrose. Se o paciente sobrevive, pode ficar com sequelas temporárias ou permanentes – a chamada insuficiência cardíaca.
A coagulação do sangue é um processo natural de nosso organismo, que visa ajudar na cicatrização de ferimentos e impedir a perda de uma grande quantidade de sangue.
Quando um trauma é identificado, inicia-se um processo conhecido como cascata de coagulação: certas enzimas são ativadas, para a criação da fibrina, uma proteína que reveste as plaquetas, criando amontoados de células sanguíneas que, então, são carregadas até o ferimento, criando um tampão natural que diminui o sangramento.
Este é o lado positivo dos coágulos. Porém, eles ocasionalmente podem ocorrer de forma exagerada e desordenada no organismo – dentro de uma veia ou artéria, por exemplo.
Quando isso acontece, o fluxo de sangue pode ser total ou parcialmente bloqueado, o que acarreta em graves problemas. No coração, isso causa o infarto no miocárdio. No cérebro, ocorre o chamado acidente vascular cerebral (AVC), também conhecido como derrame e, no pulmão, o problema causado é a embolia pulmonar.
Os coágulos, no entanto, não são os únicos responsáveis por infartos e demais doenças cardiovasculares.
O acúmulo de placas de gordura nas paredes das artérias (aterosclerose) diminui o espaço por onde o sangue flui, e aumenta as chances de um coágulo acabar entupindo alguma veia ou artéria importante. Falaremos mais sobre isso no próximo tópico.
Boa parte dos sintomas de infarto se manifestam por conta de um conjunto de fatores, quase todos associados a hábitos nocivos, que comprometem a qualidade de vida como um todo.
Entre as principais causas de infarto, destacam-se:
Como podemos ver na lista acima, boa parte das causas de infarto têm relação com maus hábitos alimentares e sedentarismo. A aterosclerose não acontece por acaso: é decorrente do tabagismo e da má alimentação, que aumentam o colesterol e aceleram o processo de formação das placas de gordura que causam a doença.
O diabetes também torna o quadro de saúde como um todo do paciente mais complicado. Segundo o Hospital Albert Einstein, pessoas com diabetes têm de duas a quatro vezes mais chances de sofrer um infarto.
Existe até algum fator hereditário envolvido: algumas pessoas têm predisposição genética, ou sofrem de alguma doença congênita que altera a formação dos vasos coronários.
Pacientes com familiares próximos (pais ou irmãos) com histórico de infarto também têm mais chance de desenvolver a doença.
Embora exista o chamado infarto fulminante – que acontece de repente, sem aviso -, em muitos casos o indivíduo apresenta uma série de sintomas, que indicam que é hora de buscar socorro médico imediato.
Existem diversos sintomas de infarto. Vamos listar abaixo os mais comuns:
Este sintoma costuma ser intenso e prolongado. A dor pode irradiar para as costas, o rosto e o braço esquerdo. Geralmente, ela vem acompanhada de uma sensação de peso ou aperto sobre o tórax, que pode ser confundida com algum problema gástrico ou digestivo.
Com o aperto no peito, chega uma dificuldade de respirar, como se as vias aéreas não conseguissem sugar ar o suficiente. Costuma ser o sintoma mais perceptível em idosos.
Se o oxigênio não está chegando aos lugares que deveria chegar, podemos sentir fraqueza e cansaço em excesso. Este sintoma pode se manifestar dias antes do infarto propriamente dito.
Suor frio e palidez sem motivo aparente também podem ser indicativos de infarto.
A baixa oxigenação do cérebro pode causar desorientação e tontura – sintomas de infarto que muitas vezes são negligenciados.
Um desmaio pode indicar que o oxigênio – que é transportado pelo sangue – não está chegando ao cérebro. Este problema pode (ou não) ter relação com o entupimento de alguma artéria, ou com o mau funcionamento do músculo cardíaco.
Embora todos estes sintomas de infarto possam acometer o paciente, deve-se ressaltar que, como já mencionado, o infarto fulminante pode acontecer de repente. Idosos e pessoas diabéticas são mais suscetíveis a sofrerem um infarto sem sinais específicos. Nestes casos, um mal-estar súbito e agudo pode indicar que o infarto já está em curso.
Os sintomas de infarto mais comuns são estes que listamos acima. Porém, esta é uma doença que pode se manifestar de maneira um pouco diferente em homens e mulheres, simplesmente porque a fisiologia de cada gênero é diferente.
Por exemplo: o coração da mulher é menor que o do homem, bate mais depressa e possui artérias mais finas. Além disso, há diferentes hormônios interferindo no funcionamento do organismo – mulheres têm mais propensão de sofrerem um infarto após a menopausa, pois a produção de estrogênio, que ajuda a regular o colesterol, é drasticamente reduzida com o fim da menstruação.
Por conta disso, é importante estar ciente destas particularidades, para poder identificar um caso de infarto sem demora. O Journal of the American Heart Association publicou um estudo sobre o assunto, que trouxe algumas revelações interessantes.
O principal sintoma de infarto é a dor no peito para ambos os sexos, mas ele pode não acontecer com as mulheres – ou ser muito mais sutil, não uma dor excruciante. No caso delas, devemos ficar de olho em outros sinais. Os sintomas de infarto mais comuns em mulheres são:
Repare que alguns destes sintomas podem parecer banalidades, sem ligação coerente com um “ataque do coração”. Porém, não negligencie mesmo os indícios mais estranhos.
Do mesmo modo, em alguns casos, pacientes masculinos podem sofrer de sintomas de infarto inespecíficos, que fogem ligeiramente do espectro dos que são considerados mais comuns.
Como o coração do homem é maior, a dor no peito tende a ser mais intensa, bem como a sensação de falta de ar que acompanha esta situação. Além disso, outros sintomas mais recorrentes em homens, são:
Reiteramos que tais indícios podem manifestar-se (ou não) de diferentes maneiras, de um indivíduo para outro. Porém, o fato de termos dor no queixo e na mandíbula entre os sintomas de infarto – fato que provavelmente é desconhecido por boa parte das pessoas – só reforça que o comportamento da doença ainda é pouco conhecido por muita gente.
Identificados os sintomas que caracterizam o infarto, o primeiro passo é chamar ajuda médica. Pode ser o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ou mesmo o serviço de saúde suplementar – plano de saúde -, caso haja algum contratado.
Evite que a vítima realize qualquer tipo de exercício físico. Afrouxe botões, zíperes e cadarços para que a pessoa não se sinta “apertada”. Tente manter a pessoa infartada calma e relaxada: ansiedade causa hiperventilação e pode piorar a situação.
Enquanto aguarda o socorro médico, não ofereça alimentos para a vítima, mas, se ela não for alérgica, faça-a tomar duas aspirinas. Este medicamento tem propriedades anticoagulantes e ajuda a “afinar o sangue”, permitindo que ele flua melhor.
Em caso de desmaio, deite a pessoa em uma posição confortável (com a barriga para cima) e verifique se sua pulsação e respiração estão regulares. Se não estiverem, inicie os trabalhos de massagem cardíaca enquanto aguarda o socorro.
Se você for vítima de infarto, não se desespere: solicite socorro médico, afrouxe suas roupas e aguarde auxílio médico em uma posição confortável. Evite esforços físicos e em hipótese alguma invente de dirigir até o pronto socorro.
Como vimos, os fatores de risco que podem levar a um infarto estão diretamente relacionados com maus hábitos alimentares, sedentarismo e obesidade. Então, a melhor forma de prevenir o infarto é adotando um estilo de vida saudável e ativo.
Isso inclui coisas que são comprovadamente eficazes para prevenir diversas enfermidades:
Outras dicas que parecem óbvias, mas fazem a diferença são: procurar dormir bem e evitar situações de estresse.
Caso tenha diabetes ou faça parte de algum grupo de risco (hipertensão, depressão, obesidade), também é importante realizar exames preventivos regularmente, para monitorar a pressão arterial, o colesterol e o diabetes.
Em resumo, procure ter qualidade de vida e busque hábitos saudáveis. Isso vai evitar não só os sintomas de infarto, como também diversas outras doenças.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Prevenção clínica de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais. Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 56 p.
Sociedade Brasileira de Cardiologia. Doença Aterosclerótica. Disponível em: <http://prevencao.cardiol.br/doencas/doenca-aterosclerotica.asp>. Acesso em: a8 de novembro de 2021.
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