Missão Kayapó: Hilab participa de operação em comunidade indígena

A Hilab ingressou recentemente em um projeto encabeçado pelo Governo Federal – com participação dos Ministérios da Defesa, Saúde, Minas e Energia – que tem como objetivo ampliar o acesso à saúde em locais com pouco ou nenhum acesso, principalmente nas fronteiras brasileiras e em comunidades indígenas.

Um dos primeiros desafios do projeto foi a Missão Kayapó, que começou no última semana de novembro em Ourilândia do Norte, no estado do Pará, e tem como objetivo reforçar o combate à COVID-19 nas comunidades indígenas da região.

Entre os dias 17 e 23/11, foram realizados cerca de 700 exames para a detecção da COVID-19 e mais de 5.000 procedimentos gerais de saúde nas aldeias Turedjam, Kikretum, Kokraimoro, Moikarako, Kubenkrãnkrehn e Gorotire. Os atendimentos foram feitos por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e veterinários da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

A missão contou com a contribuição da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI/Kayapó) e com o apoio logístico do 52º Batalhão de Infantaria de Selva (52º BIS), da FAB, com as aeronaves C-99 e C-97 no transporte de pessoal, alimentos e insumos.

Nós da Hilab fomos muito bem representados na Missão pelos colaboradores Ana Lúcia Alvarez e Adilson Barreto de Souza, que coordenaram com maestria toda a execução dos nossos exames e garantiram que a operação ocorresse conforme o planejado.

Ana e Adilson contaram um pouco sobre como foi participar dessa experiência tão importante no combate à pandemia. Confira a seguir.

Adilson de Souza: “Foi uma experiência de vida incrível, com toda certeza”

Trabalho na Hilab há quase 3 anos e, nesse período, tive o privilégio de participar de alguns eventos e operações de testagem, mas a Missão Kayapó foi, com toda certeza, marcante.

Fomos convidados pelo Governo Federal a participar do desafio junto à Sesai, os Ministérios e as Forças Armadas. Realizamos cerca de 5.144 procedimentos de saúde. O Hilab teve a oportunidade de mostrar mais uma vez que, apesar do vasto e diverso território brasileiro, todos, sem exceção, merecem e podem ter acesso à saúde com o apoio da telemedicina diagnóstica. E se depender de nós, vão ter.

Foi uma experiência surreal em todos os sentidos. Tive a oportunidade de sair da bolha em que nós todos vivemos, onde a tecnologia tem nos prendido, para conhecer e aprender a valorizar as diferentes culturas que existem no nosso imenso país.

Dessa primeira vez, fomos com o objetivo de conhecer a real demanda das aldeias, Confesso que foi um choque de realidade, pois apesar de a Sesai ajudar indígenas frequentemente, existe uma escassez gigantesca quando se trata de procedimentos de saúde, principalmente exames laboratoriais. Isto porque algumas aldeias ficam a pelo menos 2 dias de barco da cidade, o que torna inviável para um médico solicitar um exame de forma tradicional e ter de aguardar tanto tempo pelo resultado para poder dar continuidade no atendimento.

É nessa dificuldade que nós aqui da Hilab atuamos. Nossos testes laboratoriais remotos possibilitam ter o resultado entre 10 e 30 minutos, tornando possível diagnóstico médico e a atuação do profissional com agilidade onde quer que se esteja.

Observar a cultura das aldeias também foi interessante. Mesmo com uma inevitável influência da cultura branca entre os índios, eles mantêm vivos os seus hábitos e rituais. Fomos recebidos com danças típicas, pinturas artísticas e artesanatos, além da imensa alegria das dezenas de crianças espalhadas pelas aldeias, que tinham no rosto sempre um grande sorriso.

Foi com toda certeza uma experiência de vida incrível, não só por conhecermos a realidade das comunidades, mas principalmente por fazermos parte dessa missão que, com toda certeza, marcará para sempre os corações de todos que lá estiveram. Agradeço muito a Deus pela oportunidade de fazer a diferença.

“Aprendi que a verdadeira essência da vida é amar o próximo, sem fazer acepção de pessoas. Se um dia eu me der conta de que não consigo mais amar verdadeiramente a vida do meu próximo, também chegarei a conclusão que não preciso mais viver”.

Ana Alvarez: “É difícil colocar em palavras o impacto dessas ações”

A Hi sempre me proporcionou experiências profissionais incríveis e desafiadoras, e claro que com esse projeto não poderia ter sido diferente. Nós passamos 7 dias vivendo em uma escola municipal de Ourilândia do Norte-Pará, éramos os únicos civis em um quartel do Exército, Marinha e Força Aérea (eu achava que era tudo Exército, vivendo e aprendendo).

Nossa rotina começava às 5h da manhã. Às 6h horas tomávamos café e às 7h todos deveriam estar prontos para partir para a missão. Para chegar às aldeias, era necessário uma carona de helicóptero (andamos de cougar e black hawk). Não havia torre de comando, portanto, nós só levantávamos voo se o tempo estivesse favorável. No Pará, era “inverno”, por isso quase todos os dias chovia à tarde, o que tornava o controle do tempo das missões bem restrito.

Apesar de ter sido uma vivência completamente singular desde o início, o choque ao chegar em uma aldeia era maior ainda, desde a primeira até a última missão. É difícil colocar em palavras o impacto que a Hilab vai ter dentro dessas ações. A democratização e humanização da saúde se traduz perfeitamente em operações como essa. A população indígena é uma das mais isoladas de qualquer tipo de auxílio primário à saúde, conhecemos muitos adultos que nunca realizaram nenhum tipo de exame laboratorial.

A Hilab, além de oferecer exames minimamente invasivos, entrega laudos em poucos minutos (de forma 100% offline), tornando possível aos médicos realizar todos os procedimentos necessários com os indígenas no mesmo dia.

A experiência foi profissional, pessoal e cultural. Saber que trabalhamos em uma empresa que não só fala mas vive a missão é fantástico e dá significado a tudo que vivemos aqui dentro.

Agradecimentos

Ao final da primeira parte da missão, o Cacique Akiaboro, líder geral da Comunidade Kayapó e da aldeia Kokraimoro, agradeceu aos envolvidos na iniciativa: “Agradeço o trabalho de todos pelo o que estão fazendo por nós durante a pandemia. Vocês contribuíram muito com meu povo Kayapó. Voltem mais vezes”.

A Missão Kayapó continua. A equipe responsável voltará regularmente às comunidades visitadas e manterá o acompanhamento aos indígenas da região. Este é apenas o começo de um projeto de grande impacto não só no combate à pandemia, mas no rastreamento epidemiológico em regiões remotas e no combate a doenças com potencial epidêmico.

Para nós da Hilab, essa parceria com o Governo Federal é uma oportunidade ímpar de mostrar como a telemedicina diagnóstica pode ser um instrumento poderoso para expandir a atuação da saúde em um país de dimensões continentais como o Brasil. Além de facilitar o diagnóstico médico em locais remotos e de difícil acesso, também possibilitamos o acesso a exames laboratoriais em larga escala e de forma simultânea a pessoas de diferentes culturas e classes socioeconômicas, provando que a democratização da saúde não é mais um sonho distante, mas uma realidade ativa, que tem salvado e transformado vidas diariamente.